O Estado de S. Paulo
A tendência de esfriamento da economia brasileira neste final de ano se confirmou com o resultado do IBC-Br de setembro, na visão de analistas. O recuo de 0,06% no índice do Banco Central, considerado uma prévia do PIB, se soma ao fraco desempenho do setor de serviços. Na média, o mercado projetava uma alta de 0,2% em setembro, depois de o indicador ter recuado 0,81% em agosto. Com o resultado, o IBC-Br confirmou retração de 0,6% no terceiro trimestre. Os índices consolidam a percepção de instituições financeiras de que o Produto Interno Bruto do País cairá no terceiro trimestre e, no acumulado de 2023, dificilmente crescerá 3% ou mais, como era esperado até outubro. A projeção atual do Banco Central para a atividade econômica em 2023 é de crescimento de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação de setembro. O governo projeta expansão de 3,2%.
A queda do IBC-Br de setembro, de 0,06% em relação a agosto, somada ao fraco desempenho do setor de serviços no mês, confirmou a tendência de “esfriamento” da economia neste fim de ano, na visão do mercado. Esses resultados, segundo analistas, consolidam a percepção de que o Produto Interno Bruto (PIB) cairá no terceiro trimestre e dificilmente crescerá 3% ou mais em 2023, como era esperado até outubro.
O recuo do IBC-Br, que foi divulgado ontem pelo Banco Central e é considerado uma prévia do PIB, contrariou o consenso do mercado, que esperava uma alta de 0,20% em setembro – depois de o indicador ter recuado 0,81% em agosto. Com o resultado, o IBC-Br consolidou retração de 0,6% no terceiro trimestre. A surpresa negativa do índice seguiu o fraco desempenho do setor de serviços no mês, que encolheu 0,3% ante agosto, enquanto a mediana da pesquisa Projeções Broadcast indicava alta de 0,4%.
Após a divulgação do IBCBr, a G5 Partners cortou sua projeção de crescimento do PIB em 2023, de 3% para 2,8%, ante a expectativa de queda mais forte no terceiro trimestre (-0,1% para -0,4%). A Nova Futura Investimentos manteve a alta de 3%, mas seu economista-chefe, Nicolas Borsoi, disse em nota que um avanço menor, de 2,8%, também parece provável.
“Percebe-se uma desaceleração na margem em todos os segmentos econômicos, inclusive na agropecuária, que, alinhada com a queda do IBC-Br no terceiro trimestre, sugere uma variação negativa para o PIB do período”, disse em relatório o economista-chefe da G5 Partners, Luís Otávio de Souza Leal.
Arrefecimento
A estimativa em tempo real (tracker) do Santander Brasil para o PIB do terceiro trimestre caiu de -0,3% para -0,4% ontem. Em nota, o economista do banco Gabriel Couto reiterou a expectativa de alta de 2,5% do PIB para o ano, destacando que os dados disponíveis até agora para outubro sugerem continuidade do arrefecimento.
Embora espere alta de 2,8% para o PIB do ano, o economista da MAG Investimentos Felipe Oliveira já admite que o resultado pode ficar mais próximo de 2,5% a 2,6%, devido ao enfraquecimento da economia. A gestora espera estabilidade no terceiro trimestre (0%), mas não descarta queda de 0,1% a 0,2%. “Já estávamos com essa visão (de desaceleração da atividade) tendo em vista os juros ainda bem elevados, e que não teríamos o impacto do agro e seu efeito transbordamento”, disse Oliveira.
A projeção atual do Banco Central para a atividade econômica em 2023 é de crescimento de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação de setembro. Já a equipe econômica projeta expansão de 3,2%. (O Estado de S. Paulo/Cícero Cotrim, Marianna Gualter e Eduardo Rodrigues)