AutoIndústria
Líder absoluta do mercado de picapes no Brasil, com 140,7 mil unidades licenciadas de janeiro a outubro, ou 43% do total, a Fiat perderá a chance de amealhar vendas de mais algumas centenas ou até milhares de veículos em 2023.
Isso porque a marca italiana já não está totalmente convencida de que deveria ou poderia lançar a Titano antes do encerramento do ano, como o inicialmente planejado. Na verdade, embora ainda não admita publicamente, o lançamento da primeira picape grande Fiat ficará mesmo para o começo de 2024.
Objetivamente, por conta de atrasos no trabalho de adequações para o Brasil e região de um produto concebido inicialmente para o mercado chinês e que na América do Sul levaria apenas o nome LandTrek e sobrenome Peugeot.
Indagado recentemente por AutoIndústria, Herlander Zola, vice-presidente da marca Fiat para a América do Sul, preferiu apenas afirmar que não havia uma data definida, mas que preferia não repetir o que ocorreu com a Rampage, modelo da RAM, marca irmã de grupo Stellantis, que chegou às lojas mais de três meses depois do lançamento por falta de produção.
Porém, o hiato entre a confirmação do inédito veículo Fiat e sua chegada efetiva às concessionárias já seria grande, coisa de seis meses. E até porque a marca não teria nada a perder com o anúncio antecipado, ocorrido em maio. Ao contrário, eventualmente poderia barrar algumas vendas das concorrentes.
Zola também ponderou que o acúmulo de apresentações de produtos de marcas da Stellantis no segundo semestre — Fastback Abarth, Peugeot 208 turbo e nos próximos dias Citroën C3 Aircross são apenas três deles — levou à ponderação a respeito de uma melhor data para a chegada da Titano.
Seja por atrasos no cronograma de desenvolvimento ou estratégia comercial e de marketing, a concorrência agradece o adiamento. Com o poderio de uma rede de concessionárias para lá de azeitada em vendas de picapes pequenas e médias, a Titano poderá no mínimo incomodar modelos tradicionais no segmento, em especial os mais antigos e menos negociados, como Chevrolet S10, Nissan Frontier.
Naturalmente, para fazer frente à Toyota Hilux, eterna líder entre as picapes grandes, o desafio é infinitamente maior e a Fiat precisará muito mais do que o poder de sua rede. Não haverá espaço para deslizes técnicos da Titan diante de um público que tem a Hilux como parâmetro de qualidade e de custo-benefício.
O chamado segmento de D das picapes, que inclui modelos com carroceria sobre chassi, motores diesel e capacidade carga próxima de 1 tonelada, atingiu mais de 98 mil unidades nos primeiros dez meses de 2023. Perto de 40% da representante da Toyota, com a Chevrolet S10 na segunda posição, mas já muito aquém em licenciamentos (21,5 mil), seguida da Ford Ranger (15,8 mil).
Mitsubishi L200, com 9,7 mil emplacamentos, Nissan Frontier (6,7 mil) e Volkswagen Amarok (6,4 mil) completam o time cujas vendas somadas cresceram menos de 3% em 2023, muito abaixo dos 23,5% do total de picapes do País, considerando modelos compactos, médios e as grandes de luxo. (AutoIndústria/George Guimarães)