ZR-V é mais uma tentativa da Honda de não ser “marca de uma nota só”

AutoIndústria

 

A Honda colocou mais uma sequência de letras em seu portfólio de veículos no Brasil a partir desta semana. Desta vez, ZR-V, mais um SUV médio que vai buscar fazer o que o irmão maior CR-V, mesmo com várias tentativas, nunca foi capaz: roubar clientela dos protagonistas do segmento.

 

Em tese, a Honda entende que seu novo modelo importado do México tem atributos para fazer frente a, por exemplo, o Jeep Compass, sempre entre os mais vendidos utilitários esportivos e líder com folga entre os médios no mercado brasileiro.

 

É aposta alta. Em 2023, por exemplo, o Jeep nacional já acumulou 44,8 mil licenciamentos, contra 35,9 mil do HR-V, SUV de entrada da Honda igualmente produzido aqui, mas com preços naturalmente inferiores.

 

A marca, de fato, terá que trabalhar muito a imagem do ZR-V para chegar a incomodar o Compass ou outros concorrentes diretos.

 

A única versão que traz para custa R$ 214,5 mil, tem motor 2 litros de 161 cv ainda aspirado e abastecido  —  vale a observação mesmo para consumidores dessa faixa de preço  —  apenas com gasolina, enquanto no mercado há opções flex, híbrida e com algum esforço até elétrica.

 

Com 4,57 m de comprimento, 18 cm a mais do que o HR-V, e 2,66 m de entre-eixos, o ZR-V compartilha a mesma plataforma do atual Civic, também importado. O desenho arredondado da carroceria, fazendo justiça a boa parte dos modelos da marca, passa longe de ser revolucionário —para não chamá-lo de conservador — e tem elementos que remetem ao próprio Civic.

 

Seu desempenho não é revelado pela Honda, apenas o consumo de 10,2 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada. O novo SUV tem frenagem automática de emergência, controle de velocidade adaptativo e sistema de manutenção em faixa de rolagem, dentre os dispositivos de auxílio à condução.

 

No interior, ar-condicionado digital, banco do motorista com ajuste elétrico e central multimídia de 9 polegadas são os destaques. Prevalece o acabamento digno da concorrência.

 

O conforto é garantido ainda por sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, teto solar, faróis com acendimento automático, carregamento de celular por indução e sensor de chuva, nada que se diferencie dos principais concorrentes nacionais ou importados. Tem até menos itens do que alguns deles.

 

1 mil unidades por mês?

 

Ponderando tecnologia, conforto, estilo e preço do ZR-V e os mesmos fatores dos adversários parece otimista demais a projeção da Honda de vender 1 mil unidades mensais. É a média alcançada por seus dois outros veículos nacionais, City e City Hatch, que somaram perto de 9 mil unidades cada de janeiro a setembro.

 

Como a Honda tem 4,5 % do mercado de automóveis, com vendas acumuladas de 54,3 mil veículos em 2023, é quase uma marca de “uma nota só”, com o HR-V respondendo por 65% dos licenciamentos. No passado, quase esse peso todo cabia ao Civic nacional.

 

Dificilmente o ZR-V mudará essa toada. Em tempo: na América do Norte, o ZR-V tem outro nome. Sim, lá é HR-V. (AutoIndústria/George Guimarães)