Coisas de Agora
A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) manifesta sua decepção com as declarações recentes dos governadores de São Paulo e Minas Gerais, ambos surpreendentemente hostis ao desenvolvimento do mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil.
A surpresa é ainda maior se considerarmos que os investimentos mais firmes do setor automotivo brasileiro, anunciados nos últimos meses, são justamente de empresas que estão transformando a indústria nacional, investindo em novas tecnologias e renovando suas linhas de produção para fabricar tais veículos no país, inclusive com a aquisição de plantas industriais desativadas.
“Não faz sentido as autoridades dos principais Estados do país criarem insegurança a empresas que já se comprometeram a gerar empregos de qualidade e trazer inovação tecnológica à indústria brasileira” – disse o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.
“Não nos parece sábio essas autoridades darem um sinal de desconfiança à tendência mais relevante do setor automotivo mundial, e esperamos que essas posições sejam reconsideradas”.
“A eletromobilidade é um ecossistema completo. Inclui não só automóveis, mas a nova cadeia produtiva de ônibus elétricos, a vibrante indústria de infraestrutura de recarga elétrica e um promissor setor de mineração” – acrescentou Ricardo Bastos.
Ele lembrou que, em maio, o próprio governador de Minas Gerais lançou na Nasdaq, a bolsa de valores do setor tecnológico de Nova York, o importante projeto do Vale do Lítio.
“Esse lítio é só para ser exportado in natura? Não seria mais adequado essa riqueza servir à produção de baterias, automóveis e ônibus elétricos no Brasil”? – pergunta o presidente da ABVE.
A ABVE entende que as afirmações do governador de Minas Gerais, segundo quem o veículo elétrico “é uma ameaça” aos empregos, estão em descompasso com a realidade internacional e o desenvolvimento do próprio mercado brasileiro.
Já a decisão do governador de São Paulo de vetar um projeto de lei da Assembleia Legislativa que propunha incentivos à eletromobilidade no Estado, substituindo-o por uma proposta que esquece os veículos elétricos, vai na contramão da via tecnológica mais promissora de combate às mudanças climáticas.
Para a ABVE, o crescente número de emplacamentos de veículos leves elétricos e híbridos nos últimos anos prova que o consumidor brasileiro aposta cada vez mais em produtos modernos e sustentáveis – daí os investimentos no setor.
Esses investimentos estão criando um conjunto amplo de empresas de veículos, componentes, equipamentos e serviços, com um número crescente de startups surgindo a cada dia.
Por fim, a ABVE ressalta que a eletromobilidade não é incompatível com o setor de biocombustíveis. Ao contrário, ela se soma a uma vocação já consolidada da indústria brasileira e potencializa os benefícios de uma das matrizes de geração de eletricidade mais sustentáveis do planeta. (Coisas de Agora)