Varejo cai 0,2% em agosto, após alta de 0,7% em julho

O Estado de S. Paulo

 

O comércio varejista mostrou perda de fôlego em agosto. As vendas recuaram 0,2% em relação a julho, após alta de 0,7% no mês anterior, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

O resultado confirma a desaceleração na demanda doméstica, avaliou a gestora de recursos XP Investimentos, que calcula ter havido retração de 0,6% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em agosto ante julho.

 

“Em linhas gerais, o comércio varejista seguirá fraco no segundo semestre de 2023. Os gastos pessoais devem crescer modestamente nos próximos meses, já que as condições de crédito restritivas e o elevado endividamento das famílias continuam a pesar, especialmente sobre os bens de consumo semi e duráveis”, previu Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, em nota.

 

Para o economista André Perfeito, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve desacelerar no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano, tanto pela base de comparação mais elevada dos trimestre anterior quanto pelo esgotamento de medidas de governo que impulsionaram a atividade econômica no início do ano.

 

“Os dados vieram ruins, mas não na perspectiva de médio prazo, logo mantemos projeção do (crescimento do) PIB de 2023 em 3%”, ponderou Perfeito, em comentário enviado a clientes, lembrando que a queda na taxa básica de juros somada a medidas como o programa de renegociação de dívidas Desenrola e o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) podem estimular a atividade econômica brasileira no final deste ano e no começo do ano que vem.

 

“Dos últimos sete meses, o varejo ficou estável em quatro deles”, apontou Santos. O pesquisador frisa que o último ponto fora da curva na série histórica recente foi em janeiro, quando houve um forte avanço de 4% no volume vendido. “Para mim, a principal interpretação é de uma certa estabilidade (após janeiro).”

 

Houve expansão em supermercados (0,9%), combustíveis (0,9%), equipamentos de informática e comunicação (0,2%) e artigos farmacêuticos e de perfumaria (0,1%). Na direção oposta, as perdas ocorreram em outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento (-4,8%), livros e papelaria (-3,2%), móveis e eletrodomésticos (-2,2%) e vestuário e calçados (-0,4%). (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim)