Estradão
O programa de renovação de frota de veículos pesados termina no próximo dia 5 de outubro. Porém, as fabricantes informam que somente 10% dos recursos disponíveis foram utilizados. Ou seja, dos cerca de R$ 1 bilhão determinados na Medida Provisória (MP) 1175/23, pouco mais de R$ 100 milhões viraram, de fato, novos negócios.
Conforme as regras do programa, foram destinados R$ 700 milhões para compra de caminhões. Além disso, R$ 300 milhões estavam disponíveis para o setor de ônibus. Assim, a ideia é incentivar a renovação da frota de caminhões e ônibus no Brasil. Afinal, com a entrada em vigor do Proconve P8, os caminhões, por exemplo, ficaram até 30% mais caros.
Porém, a MP determina que para usar os recursos na compra de um modelo novo, outro usado, com 20 anos ou mais, deve ser entregue pelo interessado. Com isso, o comprador garante descontos de R$ 33,6 mil a 99,4 mil, conforme o modelo. Ou seja, dependendo da categoria, no caso de caminhões. Assim como capacidade de passageiros, no de ônibus.
Renovação da frota em foco
Segundo o diretor da filial brasileira da DAF Caminhões, Luis Gambim, o programa não visa apenas fomentar as vendas de veículos. Ele afirma que essa ação é importante para dar início ao processo de renovação de frota. Portanto, ele acredita que será possível criar pilares para um projeto de longo prazo. “Porém, para isso acontecer temos de ter condições de operacionalizar o processo”, afirma.
Seja como for, diferentemente de um programa perene, o atual processo é fruto de uma MP. Ou seja, tem prazo determinado para acabar. “Há processos complexos na MP, como a necessidade de entregar um usado na troca. Dificilmente quem compra um caminhão zero-km outro de 20 anos ou mais. Assim, o frotista precisou buscar antigos no mercado”, diz o diretor da Volvo Caminhões, Alcides Cavalcanti.
A opinião é compartilhada pelo vice-presidente de vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Ricardo Alouche. Segundo ele, os interessados precisaram comprar modelos velhos, em geral de autônomos. Depois, a concessionária que recebeu o veículo antigo ficou responsável por dar baixa na documentação.
Novo Rota 2030 vem aí
De acordo com Alouche, o processo para garantir o desconto é muito demorado. “Além disso, tivemos de treinar a rede. Bem como buscar empresas homologadas para reciclar os veículos antigos.” Ele acredita que isso contribui para a baixa adesão ao programa. Porém, o executivo diz que a iniciativa tem vários méritos. “O governo deve fazer ajustes, para torná-lo permanente. Quem sabe no Rota 2030?”, diz.
Nesse sentido, o governo deve anunciar a segunda fase do Rota 2030 em breve. Inicialmente, o programa deverá ter cerca de R$ 3 bilhões disponíveis por ano. O objetivo é financiar projetos ligados à mobilidade e à transição energética do setor automotivo. Portanto, faz todo sentido incluir a renovação da frota.
Renovação de frota é necessário para o desenvolvimento do País
Segundo o vice-presidente de vendas e marketing caminhões da Mercedes-Benz, Roberto Leoncini, a MP trouxe várias lições. Uma delas é a criação de uma rede homologada para desmontar e dar o melhor destino aos caminhões velhos que saem de circulação. De acordo com ele isso minimiza a burocracia e acelera o processo de negociação.
“Entendemos que esse foi o melhor programa feito no Brasil para reduzir as emissões de CO2. Afinal, foi foi colocado em prática. Além disso, o governo entendeu que agora basta ajustá-lo para torná-lo permanente”, diz. Conforme Leoncini, a renovação da frota é fundamental também para melhorar a segurança nas estradas. (Estradão/Andrea Ramos)