AutoIndústria
Levantamento da ANP, Agência Nacional do Petróleo, indica que o preço médio do litro diesel S10 no Brasil está na casa dos R$ 6,22, com algumas localidades praticando bem menos, R$ 4,99, mas em outras, muito mais, até R$ 8,49. Em qualquer situação, porém, os postos pedem menos pela gasolina, cujo preço médio entre 17 e 23 de setembro era de R$ 5,82, de acordo com a mesma pesquisa.
Com esse quadro, não surpreende também a apuração da Mobiauto sobre a desvalorização mais acentuada de automóveis e picapes movidos a diesel em sua base de dados. No primeiro semestre, conclui a plataforma de venda de veículos usados, as versões a diesel desvalorizaram bem mais do que as flex dos mesmos veículos.
A diferença de depreciação chama a atenção: enquanto as flex perderam, em média, 6,16% do valor no intervalo de um ano, as movidas a diesel, mais do que o dobro, 13,63%.
“Nos últimos anos, o preço do diesel disparou. Está mais caro que a gasolina e aí aquele comprador dos grandes centros, que visava um SUV ou picape a diesel por questões de autonomia e custo-benefício, perdeu o interesse”, analisa Sant Clair de Castro Jr, CEO da Mobiauto.
Dá para deduzir que a queda só não foi maior devido a ainda forte preferência das picapes a diesel nas cidades menores e regiões agrícolas pela robustez e autonomia. “Nessas regiões A picape a diesel é cheque visado”, compara Castro Jr.
Combustível mais caro, preços dos veículos novos a diesel até 30% superiores a seus similares flex e, na contrapartida, melhora da eficiência dos motores flex são um desafio quase intransponível para a recuperação dos SUVs e picapes a diesel no mercado interno.
A fragilidade já não é de hoje. De janeiro a agosto, 133,8 mil veículos leves a diesel foram licenciados, ante 148,2 mil em igual período do ano passado. O decréscimo de 7,6% ocorreu enquanto o mercado avançou, na média, quase 11%. Na mesma comparação, a participação dos veículos a diesel caiu de 12,2% para 10,2%. Ao longo de todo 2021 chegou a 13,7%, ante 11,7% em 2022.
Se o quadro no Brasil está difícil, pior ainda na Europa, onde durante décadas o diesel disputou a preferência dos consumidores com os modelos a gasolina e levava vantagem em vários mercados.
Porém, desde 2015, com o escandaloso episódio conhecido mundialmente como “Dieselgate”, no qual o Grupo Volkswagen se valeu de artifícios técnicos para enquadrar seus modelos a diesel nos limites de emissões, o combustível “caiu em desgraça”.
Com as legislações europeias antipoluição cada vez mais rigorosas, a decisão da União Europeia de proibir a venda de veículos novos a combustão após 2035 e, também por conta disso, o rápido avanço dos modelos elétricos e híbridos, a participação dos veículos a diesel só despencou.
Muitas marcas já aposentaram versões e até modelos com o combustível fóssil. Carros elétricos movidos a bateria, inclusive, já vendem bem mais do que os a diesel, de acordo com a Acea, Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis.
Em agosto, a fatia dos automóveis elétricos a bateria chegou a 21%, ultrapassando o diesel pela segunda vez este ano e tornando-se a terceira escolha mais popular entre os compradores de automóveis novos, atrás dos a gasolina — também em declínio — e híbridos.
Modelos a gasolina responderam por 38,7% das vendas em agosto de 2022, fatia que encolheu para 32,7% no mês passado. Os a diesel passaram de 16,1% para 12,5% nessa mesma comparação. (AutoIndústria/George Guimarães)