O Estado de S. Paulo
O presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, defendeu a volta do Imposto de Importação de veículos elétricos, hoje zerada, e o fim do regime especial para o Nordeste e o Centro Oeste, que hoje beneficia o grupo Stellantis, com fábrica em Pernambuco, além de Caoa Chery e HPE/Mitsubishi, em Goiás. Se o incentivo for mantido, incluirá também a planta da chinesa BYD, na Bahia, com início de operações previsto para o próximo ano, nas instalações da Ford.
O executivo afirma que as empresas do setor automotivo precisam ter isonomia em suas operações, especialmente no que se refere a impostos federais. O regime especial para o Nordeste e o Centro-Oeste concede créditos de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que, segundo empresas das outras regiões, garantem vantagem de cerca de 20% no custo de produção dos veículos.
“Nós estamos no Brasil há 25 anos e já investimos muitos bilhões e há empresas mais antigas que investiram muito mais, por isso é preciso ter igualdade (de tratamento fiscal)”, afirmou Gondo na semana passada. O grupo francês deve anunciar em breve um novo plano de investimento no País. O último, de R$ 2 bilhões, iniciado em 2022, termina neste ano com o lançamento do SUV Kardian, hoje.
O modelo fabricado no Paraná será feito em uma plataforma que consumiu boa parte do investimento e que vai gerar uma família de produtos, incluindo modelos eletrificados. O novo plano contemplará gastos para a produção do primeiro híbrido flex da marca.
O discurso de Gondo se assemelha ao de outras montadoras que já se reuniram com representantes do governo para tratar do assunto, como Chevrolet, Volkswagen e Toyota. O incentivo criado nos anos 90 estava previsto para terminar em 2025, mas há um movimento para sua extensão até 2032.
Gondo defendeu que qualquer benefício relacionado a tributos federais seja incluído apenas no programa Rota 2030 (ou Mobilidade Verde), que pode ser anunciado ainda este mês. O programa prevê incentivos para investimentos em pesquisa e desenvolvimento e para o lançamento de veículos mais sustentáveis.
Sobre a volta do Imposto de Importação, cuja alíquota total é de 35%, já está praticamente definido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) que a volta será gradual – cerca de 8% ao ano, segundo pessoas a par das negociações.
Assim como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Gondo espera que haja cotas para importação sem impostos para empresas que já produzem veículos no País, de acordo com o volume de produção. Isso deixaria de fora, num primeiro momento, montadoras chinesas que já estão instalando fábricas locais, mas com produção prevista apenas a partir do próximo ano. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)