Jornal do Carro
Até pouco tempo, a BYD era apenas uma empresa que fabricava ônibus elétricos no interior de São Paulo e liberava alguns carros, de visual insosso, para frotas corporativas. Mas, de uns tempos para cá, a marca – que lançou o fenômeno Dolphin e vai se instalar na Bahia a partir do ano que vem – se tornou a pedra no sapato de marcas ocidentais. E não é só ela. As chinesas estão com tudo. Afinal, um estudo aponta que, até 2030, 1/3 dos carros novos feitos em todo o mundo virão de lá.
De acordo com dados de uma pesquisa realizada recentemente pelo grupo suíço UBS, cerca de 33% de todos os carros vendidos no mundo serão produzidos na China até 2030. Para se ter ideia, as fabricantes ocidentais, até o ano passado, mantinham 81% de participação global. Número que deve cair para 58% até o início da próxima década.
Boa parte desse avanço vem da BYD. Afinal, o principal ponto da chinesa é não depender tanto de fornecedores de fora, pois ela mesma produz 75% de seus carros. Isso os tornará ainda mais baratos (e mais competitivos) no futuro. Assim, a fabricante registra vantagem de 25% na comparação com os custos de montadoras europeias e norte-americanas, como a Tesla, por exemplo.
Para se ter ideia, menos de 10% dos componentes do sedã Seal (sedã elétrico recentemente lançado no Brasil, por R$ 296.900) vêm de fábricas de fora da China, o que permite controle total da cadeia produtiva à BYD. Sem contar que a marca também fabrica suas próprias baterias e semicondutores. Isso faz com que tenha credenciais para deixar outras montadoras para trás. É tanto que a BYD destronou a Volkswagen como a marca de carros mais vendida na China no início deste ano.
Tesla também deve crescer
Ainda em números, o relatório garante que a Tesla deve subir sua participação de 2% para 8% até o começo da próxima década. Mas nem mesmo a marca de Elon Musk é páreo para as chinesas. Afinal, um Model 3 tem desvantagem de custo de 15% frente à um modelo da BYD, aponta o documento.
Para não cair no ostracismo, fabricantes tradicionais, como BMW e Mercedes-Benz, por exemplo, tentam recuperar o tempo perdido e, assim, apresentar modelos elétricos dotados das mais inovadoras soluções a fim de atrair a clientela. A marca bávara, a princípio, apresentou seu protótipo Neue Klasse durante o Salão do Automóvel de Munique (Alemanha) na última semana. A ideia é unir zero emissões e muita tecnologia. Destaque, assim, para a tela digital com largura do para-brisa e software que pode operar até por gestos.
Essa atitude, aliás, deixa a BMW em destaque frente outras fabricantes premium. Na China, seus modelos elétricos vendem mais que a concorrência, composta por Audi e Mercedes-Benz, entre outras. (Jornal do Carro/Vagner Aquino)