Indústria perde ritmo e produção cai em julho

O Estado de S. Paulo

 

Depois de ter ajudado a puxar o PIB no 2.º trimestre, a indústria brasileira fechou julho no vermelho. A produção do setor registrou queda de 0,6%, na série com ajuste sazonal, bem acima da mediana de recuo de 0,3% estimada por analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast. Em relação a julho de 2022, o indicador caiu 1,1%.

 

Na passagem de junho para julho, houve perdas em 15 dos 25 ramos pesquisados pelo IBGE, com destaque para as retrações em veículos automotores (-6,5%), indústrias extrativas (-1,4%), equipamentos de informática (-12,1%) e máquinas e equipamentos (-5,0%).

 

Setores sensíveis aos juros tiveram desempenho pior do que o de categorias mais dependentes da renda na produção industrial de julho, destacou o economista-chefe da gestora de recursos G5, Luís Otávio de Souza Leal. “Essa dicotomia está em concordância com o atual ciclo de política monetária, com as medidas para sustentação de renda tomadas pelo governo e com os números positivos de extração de minério de ferro, petróleo e gás natural”, afirmou. JUROS. A política monetária restritiva, com a taxa básica de juros ainda em patamar elevado, é o principal fator por trás da perda de dinamismo da produção industrial ao longo de 2023, avaliou André Macedo, gerente do IBGE. Na série com ajuste sazonal, em comparação ao mês imediatamente anterior a produção cresceu em apenas dois dos primeiros sete meses de 2023: março e maio.

 

O comportamento negativo fez com que a indústria continuasse distante de recuperar as perdas recentes, lembrou Macedo. A produção operava em julho em nível 0,4% abaixo do patamar de dezembro de 2022. Ele também afirma que os juros elevados tiveram impacto importante na produção industrial. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Cícero Cotrim)