Adeus, motorista: como é a experiência de andar em um táxi autônomo

O Estado de S. Paulo

 

“Olá, Tripp”, disse uma voz feminina pelos alto-falantes de um táxi sem motorista. “Por favor, não toque no volante ou nos pedais durante a corrida. No caso de dúvidas, você pode encontrar informações no aplicativo da Waymo, como, por exemplo, de que maneira mantemos nossos carros seguros ou limpos.”

 

Há vários anos, as ruas íngremes e congestionadas de São Francisco têm funcionado como pistas de testes para centenas de carros sem motorista operados pela Waymo, empresa de veículos autônomos da controladora do Google, a Alphabet, e da Cruise, da General Motors.

 

Recentemente, apesar das objeções das autoridades de São Francisco, que temem que os carros não sejam seguros, os veículos da Waymo começaram a circular. O New York Times pediu que três repórteres testassem os táxis-robôs da Waymo pela cidade: eu (Tripp Mickle), Yiwen Lu e Mike Isaac partimos de pontos diferentes da cidade com destino a um restaurante com vista para o Parque Golden Gate e o Oceano Pacífico.

 

O aplicativo da Waymo, o Waymo One, funciona como o da Uber. Depois de fazer a solicitação, a empresa envia um dos 250 veículos Jaguar que operam na cidade. Cada um de nós esperou de cinco a dez minutos.

 

Quando o carro parou, estendi a mão para abrir a porta. Mas as maçanetas estavam travadas. Precisei tocar no botão “destravar” no aplicativo.

 

Corrida tediosa

 

Minha corrida foi tão tranquila que a novidade começou a perder a graça, transformando uma viagem para o futuro em apenas mais uma corrida de táxi, apenas sem a flexibilidade ou as interações com um motorista. Parava para os pedestres passarem e dava passagem para veículos de emergência. A corrida foi absolutamente tediosa e friamente precisa. Nunca ultrapassou o limite de velocidade e deu a seta antes de mudar de faixa.

 

O táxi de Mike foi mais agressivo. Arrancou do ponto de partida acelerando mais do que era esperado. Mike ficou surpreso pelo fato de o veículo passar por vários bairros bastante movimentados antes de pegar o caminho para a praia.

 

A corrida de Yiwen começou com uma complicação: um acidente, sem o envolvimento do Waymo. Carros de polícia estavam bloqueando parte do caminho; então, o veículo mudou rapidamente de caminho.

 

Em vez de pegar a rota mais direta, meu carro dirigiu por uma rua menos congestionada, mas isso fez com que minha corrida demorasse uns minutinhos a mais. Ele rodou boa parte do trajeto a 46 km/h – um pouco abaixo do limite de velocidade. E parou no estacionamento seis minutos depois do horário previsto inicialmente. “Você chegou”, disse a mulher. “Por favor, certifique-se de que está tudo ok antes de sair.”

 

As corridas foram acessíveis, variando entre US$ 18 (R$ 89) e US$ 21 (R$ 104), quase o mesmo valor de um Uber. É fácil esquecer que ninguém está ao volante dos táxis-robôs. Você só se dá conta disso quando começa a agradecer ao motorista antes de sair do carro. (O Estado de S. Paulo)