Prévia da inflação chega a 0,28% em agosto, indica IBGE

O Estado de S. Paulo

 

O fim dos efeitos do chamado “bônus de Itaipu” (saldo positivo na receita da hidrelétrica) sobre as contas de luz e dos descontos na aquisição de carros novos de até R$ 120 mil respondeu por praticamente toda a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) em agosto, que foi de 0,28% – ante uma queda de 0,07% em julho. Prévia da inflação oficial no mês, o indicador foi divulgado ontem pelo IBGE.

 

O resultado superou a projeção mediana de alta de 0,16% estimada por analistas consultados pelo Projeções Broadcast. Embora tenha ficado acima do esperado, a surpresa ficou concentrada em poucos itens, ponderou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital. “No geral, a abertura do índice seguiu mostrando uma composição benigna”, avaliou Savignon. “Portanto, não altera as perspectivas para a condução da política monetária.” O mercado mantém a projeção de novos cortes da Selic até o fim do ano.

 

A alta de agosto fez a taxa acumulada em 12 meses voltar a acelerar, interrompendo uma sequência de 14 meses seguidos de redução: de 3,19%, em julho, para 4,24% em agosto, o patamar mais elevado desde março de 2023.

 

Para o IPCA fechado de agosto, é aguardada uma manutenção da tendência de aceleração, impulsionada também pelo reajuste dos combustíveis nas refinarias anunciado pela Petrobras no último dia 15 – ainda não captado na prévia deste mês –, lembraram Luíza Benamor e João Leme, analistas da consultoria Tendências, que mantiveram a estimativa de alta de 5,1% para o IPCA no ano.

 

Variações

 

Em agosto, dois dos nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA15 registraram quedas de preços: Alimentação e bebidas (0,65%) e Vestuário (-0,03%). Os alimentos comprados em supermercados ficaram 0,99% mais baratos, com destaque para a batata-inglesa (-12,68%), tomate (-5,60%), frango em pedaços (-3,66%), leite longa-vida (-2,40%) e carnes (-1,44%). As carnes já acumulam um recuo de preços de 8,22% no ano.

 

No entanto, os custos dos Transportes subiram, na média, 0,23% em agosto, impulsionados pela alta de 2,94% nos preços do automóvel novo, passado o efeito do programa de descontos do governo, mas também pelos combustíveis (0,46%). Houve alta na gasolina (0,90%) e no gás veicular (1,88%), mas quedas no óleo diesel (-0,81%) e no etanol (2,55%).

 

O item de maior pressão sobre a prévia da inflação de agosto foi a energia elétrica residencial, com alta de 4,59%, movimento influenciado “pelo fim da incorporação do bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês anterior”, informou o IBGE. (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim)