São Paulo deve ter 270 semáforos inteligentes até o fim do ano

O Estado de S. Paulo

 

A Prefeitura de São Paulo começou a implementação do projeto de modernização da rede de semáforos da cidade. Ao todo, serão instalados 2.586 semáforos inteligentes em pontos de maior fluxo de trânsito, além da substituição de aparelhos comuns que estão em mau estado. O prazo de conclusão dos procedimentos é de três anos, de acordo com a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Município de São Paulo (SP Regula).

 

“A previsão é de que, até o fim de 2023, pelo menos 270 cruzamentos já estejam modernizados”, informou, em nota, a Prefeitura. A troca dos equipamentos começou neste semestre, na Rua Cardeal Arcoverde e na Avenida Doutor Arnaldo, zona oeste, onde 16 semáforos inteligentes já estão operando. Além desses equipamentos, que podem ser identificados por uma linha amarela que contorna a caixa de luzes, 111 estão em execução e 113 em fase final de projeto, segundo o órgão. A reportagem do Estadão encontrou novos aparelhos também na Avenida Pompeia.

 

O contrato de instalação dos semáforos inteligentes faz parte de uma parceria público-privada (PPP) de modernização da rede de iluminação pública. O documento foi assinado em 2018 com a empresa concessionária Iluminação Paulistana SPE, mas a instalação vinha sendo adiada.

 

No início do ano passado, a Prefeitura decidiu adicionar a manutenção de todos os semáforos da cidade às responsabilidades da concessionária, mediante um aditivo de R$ 1,1 bilhão, que se refere aos custos desse trabalho nos próximos cinco anos. O termo de adição no contrato demandou aprovação de nova lei pela Câmara Municipal e foi inspecionado pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), que só liberou a assinatura em agosto de 2022. Ele passou a valer em setembro do mesmo ano, para a concessão ao longo de 17 anos.

 

Efeito em cadeia

 

Segundo o gerente de iluminação pública da SP Regula, Mauricio Nastari, que concedeu entrevista à Rádio Eldorado na segunda-feira, a expectativa é de que os semáforos inteligentes promovam uma melhoria na fluidez no tráfego da cidade. Isso porque os equipamentos apresentam tecnologia capaz de ajustar seu tempo de abertura de acordo com a demanda de veículos. Além disso, eles funcionam de maneira conectada, causando um efeito cadeia em toda a região.

 

Como funcionam conectados, semáforos têm tempo de abertura ajustado de acordo com demanda de veículos

 

Caso ocorra um acidente em um cruzamento, por exemplo, o semáforo mais próximo automaticamente detectará o acúmulo de carros e a lentidão no tráfego. Então, ele aumentará o tempo de funcionamento em verde e dos semáforos de cruzamentos próximos, permitindo maior passagem de veículos. “Em alguns casos, como na Avenida Paulista, os semáforos podem ajustar o tempo também nas vias paralelas, já que a tendência é que as pessoas as procurem como alternativa”, diz Nastari. “Aquele problema de abrir o seu semáforo e logo em seguida o próximo já fechar vai ser difícil de acontecer”, afirma.

 

Painel de controle

 

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também poderá fazer ajustes nos semáforos manualmente, em tempo real, quando necessário. Esse gerenciamento será feito a distância, por um painel de controle. Assim, o agente de trânsito só vai precisar intervir pessoalmente em casos mais graves.

 

Os semáforos inteligentes operam com parâmetros mínimos e máximos determinados, permitindo que os pedestres não sejam prejudicados na hora de atravessar as ruas, de acordo com a Prefeitura. Eles serão instalados nas regiões da capital que mais sofrem com o trânsito. A seleção dos locais contemplados, assim como a pré-programação dos equipamentos para que eles operem de maneira personalizada, com base nas características do tráfego de cada região, também são de responsabilidade da CET.

 

Queda de energia e furtos 

 

De acordo com Nastari, os novos semáforos continuam suscetíveis aos dois maiores problemas deste setor na cidade de São Paulo: as quedas de energia elétrica e os furtos de cabos elétricos para venda no mercado ilegal de cobre. No entanto, como o sistema dos semáforos é integrado com a central da CET, automaticamente os controladores serão notificados do problema no aparelho, o que pode acelerar o processo de reparo – a partir de agora, o conserto fica a cargo da concessionária. O gerente Nastari diz ainda que, por serem equipamentos novos, eles devem ter menos falhas que os mais velhos.

 

Quanto aos furtos, Nastari disse que em locais com maior incidência a concessionária aplicou o cabeamento de alumínio, que também já é utilizado em alguns pontos de iluminação pública. “O alumínio é um material muito mais barato. Então, a pessoa tenta furtar aquele cruzamento uma vez e, na segunda, ao ver que continua sendo alumínio, ela já desiste”, afirma. (O Estado de S. Paulo/Giovanna Castro)