Petrobras vai entrar no mercado de créditos de carbono

O Estado de S. Paulo

 

A Petrobras está perto de fechar a sua primeira compra de crédito de carbono, mais um instrumento para a descarbonização da empresa, que neste ano entrou forte na tendência global das petroleiras que se preparam para um futuro com menos petróleo. Ainda sem poder dar detalhes do negócio, o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da estatal, Maurício Tolmasquim, informou ao Estadão/Broadcast que o volume da primeira aquisição será pequeno. No futuro, a própria Petrobras deve passar a vender seus créditos, com a evolução do seu projeto de captura de carbono na região de Macaé (RJ).

 

“A gente está olhando agora a questão de crédito de carbono para compensar algumas emissões, mas ainda está sendo visto aqui. Você pode comprar no Brasil ou fora, mas no Brasil tem um bom potencial, pode comprar (o crédito de carbono) de uma floresta, por exemplo”, disse Tolmasquim. “No futuro, a gente pode também gerar créditos no mercado. A gente vai entrar na captura, que é o CCUS (Carbon Capture, Utilization and Storage), e pode até gerar créditos (de carbono).”

 

Segundo Tolmasquim, a prioridade da companhia é reduzir as emissões organicamente, mas há um limite para isso. “Das emissões, uma parte você reduz organicamente; outra parte, você captura e, no caso de outra parte, pode compensar com crédito de carbono.”

 

A empresa planeja fazer um hub na região de Macaé para armazenar CO2, não apenas da empresa, mas também de outras companhias que já demonstraram interesse em participar. Tudo vai depender, porém, da aprovação de uma legislação para CCUS no Brasil, e do sucesso de projeto-piloto da estatal na região para capturar 100 mil toneladas de carbono, que está em andamento. O CO2 é armazenado no fundo do mar, em formações geológicas que nada têm a ver com a exploração de petróleo e gás, informou Tolmasquim.

 

Hoje, a Petrobras é a empresa que mais injeta CO2 no mundo. Em 2022, foram 11 milhões de toneladas, um quarto dos 40 milhões de toneladas das emissões globais.

 

Além da captura de carbono, outras legislações estão sendo aguardadas pela empresa, como o marco regulatório para as usinas eólicas offshore – também previsto para este ano. Mas, para já ir “treinando”, Tolmasquim informou que conversa com empreendedores em três países no Hemisfério Norte, em estágios de construção diferentes, onde a Petrobras poderá ser sócia minoritária. (O Estado de S. Paulo/Denise Luna)