AutoIndústria
Na contramão das exportações em queda para a Argentina, o Brasil amplia a compra de carros e picapes produzidos no país vizinho, o que vem contribuindo para as vendas de importados no mercado local cresceram acima das relativas aos veículos nacionais.
Conforme anunciado no início do mês pela Anfavea, as vendas de veículos leves para lá caíram 2,6% no acumulado até julho, de 84 mil para 81 mil unidades. Pela primeira vez na história do setor, o México ultrapassou a Argentina e passou a ser o principal mercado dos automóveis e comerciais leves brasileiros.
Em contrapartida às exportações brasileiras em queda, números divulgados pela Adefa, a associação das montadoras da Argentina, mostram que as vendas de veículos para o Brasil cresceram 10,9% no acumulado de janeiro a julho, de 100.868 em 2022 para 11.877 unidades este ano.
Os números são corroborados pela venda local de alguns modelos fabricados no país vizinho, caso do SUV da Volkswagen, o Taos, que emplacou 9.457 unidades até julho, volume 52% maior do que as 5.018 vendidas nos primeiros sete meses do ano passado.
Também a picape Ranger produzida pela Ford na Argentina vem aumentando presença por aqui. Foram 9.457 emplacamentos este ano, 29% a mais do que os 7.323 de janeiro a julho de 2022, conforme dados divulgados pela Fenabrave.
O argentino de maior volume de vendas no mercado brasileiro é o Fiat Cromos, que teve 24.231 licenciamentos em 2023, ante os 19.969 de um ano antes, alta de 21%.
As compras em alta do país vizinho têm contribuído para o aumento da participação dos veículos leves importados no mercado brasileiro. Tal fatia vem num crescendo desde 2020, saltando dos 10,3% daquele ano para 12% e 13% nos dois anos seguintes.
Em 2023, no acumulado de sete meses, a participação dos importados já está em 14,2%. Foram emplacados 168.378 veículos leves vindos de fora até julho, 20,9% a mais do que os 139.295 licenciados em idêntico período de 2022. O mercado de leves nacionais subiu 11,2%, de 883 mil para 982 mil unidades.
Ao divulgar no último dia 10 que o México ultrapassou a Argentina em compra de veículos leves brasileiros, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, alertou para recentes mudanças tributárias no país vizinho que têm refletido negativamente nos negócios brasileiros.
Criado em julho, o tributo PAIS, Para uma Argentina Inclusiva, define alíquota de 7,5% aplicada a produtos importados, que incide inclusive sobre os veículos e não exclui produtos do Mercosul, beneficiados por acordo de livre comércio no setor automotivo. Na prática, segundo a Anfavea, o carro argentino no mercado vizinho fica 7,5% mais barato do o que o brasileiro.
“O tributo provoca impacto no fluxo dos embarques, o que prejudica nossas exportações e a competitividade do produto brasileiro no mercado argentino”, complementou o presidente da entidade. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)