Disputa entre fabricantes chineses derruba preços de carros elétricos compactos no Brasil

O Estado de S. Paulo Online

 

A chegada ao mercado brasileiro de carros elétricos compactos, principalmente de fabricantes chineses, tem provocado uma disputa por esse segmento, chamado “de entrada”, ou seja, os mais baratos de cada marca. Desde o final de junho, quando foi lançado o BYD Dolphin, os principais concorrentes passaram a reduzir os preços para competir com o modelo.

 

À venda por R$ 149,8 mil, o Dolphin teve 3 mil unidades encomendadas em um mês, segundo a BYD, um recorde para um veículo dessa categoria em tão pouco tempo. Logo após o início das vendas, a JAC reduziu o preço do JS1 de R$ 146 mil para R$ 140 mil e, nesta segunda-feira, 14, promoveu outra redução, para R$ 136 mil.

 

A Caoa/Chery também se apressou e fez duas alterações: na primeira, cortou o preço do iCar em R$ 10 mil, para R$ 140 mil e, no início deste mês, para R$ 120 mil, o que fez do modelo o mais barato no segmento. A marca francesa Renault também reduziu de R$ 150 mil para R$ 140 mil o preço do Kwid E-Tech, que é fabricado pela marca na China.

 

Movimento similar ocorre na própria China onde, por exemplo, a Volkswagen reduziu o preço do ID.3 para disputar vendas com o Dolphin.

 

No Brasil, todos os elétricos são importados, mas a BYD já anunciou investimento de R$ 3 bilhões para produzir automóveis na Bahia, assim como caminhões e ônibus elétricos. A montadora, atualmente a maior fabricante global de veículos elétricos, está muito perto de fechar a compra da fábrica da Ford em Camaçari (BA). O negócio será facilitado após a estratégia de venda da unidade para o governo baiano — anunciada na sexta-feira, 11 —, o que facilitará o negócio que está em negociação há mais de um ano.

 

Além de reduzir o valor do SJ1 pela segunda vez, a JAC também baixou os preços de toda a linha de modelos elétricos à venda no Brasil. Segundo o Grupo SHC, importador da marca, as reduções variam de 3% a 9% e foram alcançadas em razão da variação cambial nos últimos meses e de uma renegociação com a matriz da JAC Motors na China.

 

“O mercado chinês está extremamente aquecido para a venda de carros 100% elétricos, o que permitiu à JAC Motors aumentar a produção e a economia de escala, o que garante uma redução nos preços de importação. E são esses porcentuais que estamos repassando nos preços finais dos carros, acrescidos da queda no dólar”, disse em nota Sergio Habib, presidente do grupo brasileiro.

 

Em breve, um novo modelo chegará ao mercado para disputar o segmento de compactos elétricos. A GWM, outra marca chinesa que vai produzir híbridos e elétricos no País, em Iracemápolis (SP), na antiga fábrica da Mercedes-Benz. O ORA 3 deve chegar, segundo analistas do mercado, por preços a partir de R$ 150 mil.

 

Não são só os compactos elétricos “populares” que estão caindo de preços. Recentemente, a BMW baixou o preço do Mini Cooper S E em quase R$ 26 mil, e o modelo premium passou a custar R$ 260 mil. (O Estado de S. Paulo Online/Cleide Silva)