Transporte público brasileiro perdeu quase 8 milhões de viagens por dia

Frota & Cia

 

O sistema de transporte público brasileiro por ônibus urbano registrou queda de 24,4% na demanda, entre 2019 e 2022, devido, principalmente, à pandemia. De acordo com o Anuário 2022-2023 da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), quase 8 milhões de deslocamentos por dia, em média, deixaram de ser realizados no período.

 

Em 2019, aproximadamente 33 milhões de viagens por passageiros pagantes por dia eram realizadas em todo o Brasil. No ano passado a demanda atendida pelos ônibus urbanos brasileiros caiu para cerca de 25 milhões de viagens de passageiros pagantes por dia.

 

A informação foi divulgada hoje no lançamento do Anuário que aconteceu na abertura do 36º Seminário Nacional NTU, que acontece nos dias 8 e 9 de agosto, em Brasília. A publicação traz a série histórica do desempenho do setor nos últimos 30 anos, além de dados sobre investimentos em infraestrutura, cidades com subsídios e que adotam a tarifa zero.

 

Recuperação do setor

 

O documento elaborado pela NTU mostra que, mesmo com um aumento de 12,1% na demanda (número de passageiros transportados) e de 10,3% na produtividade (número de passageiros transportados por quilômetro rodado) em 2022, na comparação com 2021, o segmento não recuperou os patamares pré-pandemia.

 

“A demanda atual está muito distante do desempenho observado no início da série histórica da NTU. E o setor acumula uma queda de 30% no índice de produtividade ao longo do tempo”, observou o presidente executivo da NTU, Francisco Christovam. O executivo destaca também que a recuperação da demanda de passageiros pós pandemia já chegou a 84% do transportado em 2019, mas reitera que há muito a ser feito para alcançar o nível registrado antes da crise sanitária.

 

“Temos observado os sinais de recuperação, mas é preciso lembrar que a pandemia provocou uma perda acumulada de quase R$ 40 bilhões para o setor, e ainda enfrentamos as consequências negativas deixadas pela crise sanitária. Desde a redução de mais de 90 mil empregos diretos até a impossibilidade de renovação da frota, devido à baixa da demanda e queda na arrecadação das empresas, que ainda dependem muito da tarifa cobrada do passageiro. O número de cidades que subsidiam seu transporte público cresceu, mas ainda é minoria”, afirmou.

 

Os 11 indicadores do Anuário foram calculados com base em nove dos maiores sistemas de transporte público por ônibus, tanto municipais como metropolitanos, que operam em diversas capitais do país: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, que reúnem cerca de 32,5% da frota nacional e 34,1% da demanda de passageiros transportados em todo o país. Os dados apontam também para outros cenários desafiadores do setor, como destaca Christovam. (Frota & Cia/Priscila Ferreira)