Para 70% do mercado, Copom deve cortar Selic em 0,25 ponto

O Estado de S. Paulo

 

Em reunião hoje e amanhã, o Comitê de Política Monetária do Banco Central deve iniciar o ciclo de cortes dos juros básicos da economia. Após um ano com a Selic estacionada em 13,75%, a expectativa é de queda de 0,25 (para 13,5%) ou de 0,5 ponto porcentual (13,25%). Se já houve divergência no Copom no encontro de junho, a chegada de dois diretores indicados pelo Planalto, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, tende a reforçar o dissenso. Se confirmada, a redução da taxa ocorrerá três anos depois do último movimento de queda. Pesquisa do Projeções Broadcast aponta aposta unânime de corte da Selic entre as 88 instituições financeiras consultadas, das quais 70% (62) esperam recuo de 0,25 ponto e 26 projetam baixa de 0,5 ponto.

 

Após um ano com a Selic parada em 13,75%, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve iniciar o ciclo de cortes dos juros básicos na reunião desta semana em uma decisão dividida, provavelmente entre uma queda de 0,25 (para 13,5%) e de 0,5 ponto porcentual (13,25%). Se já houve divergência no colegiado no encontro de junho, a chegada dos diretores indicados pelo Planalto, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, tende a reforçar o dissenso. O comitê se reúne hoje e amanhã.

 

Se confirmada a redução da taxa, será exatamente três anos depois do último movimento de queda da Selic, para 2%, a mínima histórica, no contexto da pandemia de covid19. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, é unânime a aposta de corte da Selic nesta semana entre as 88 instituições financeiras consultadas, das quais 70% (62) esperam recuo de 0,25 ponto e 26 projetam baixa de 0,5 ponto.

 

O mercado passou a apostar em peso em um primeiro corte dos juros básicos neste mês após a ata do Copom de junho. No documento, o BC informou que a maioria dos oito membros já enxergava condições para iniciar um processo “parcimonioso” de flexibilização, em caso de continuidade da queda da inflação.

 

A concretização desse cenário, combinado com o avanço da reforma tributária, a apreciação cambial e a melhora do rating do Brasil pela Fitch, colocou uma queda maior, de 0,50 ponto porcentual, no radar.

 

“Em uma provável decisão dividida, parece igualmente possível que a maioria prefira começar com a nossa projeção de um movimento de 0,25 ponto ou um corte mais agressivo (e usado com mais frequência) de 0,5 ponto”, resumiu o JPMorgan, em relatório.

 

A economista-chefe do banco no Brasil, Cassiana Fernandez, disse que há argumentos técnicos que justificam as duas opções. Segundo ela, há uma desinflação mais rápida nos últimos meses muito amparada no alívio nos preços de bens. Para Cassiana, é preciso que haja também uma desaceleração do custo dos serviços de forma sustentável, o que é mais difícil, pois o mercado de trabalho está aquecido.

 

No BV, o economista-chefe, Roberto Padovani, aposta em um corte de 0,25 ponto, por “conservadorismo” do Copom. As projeções do economista são de cortes de 0,5 ponto nas reuniões seguintes, de setembro, novembro e dezembro. “O importante é começar a cortar.”

 

A GAP Asset projeta corte de 0,5 ponto nesta reunião, mas a economista-chefe e sócia, Anna Reis, também reconhece que a definição será muito apertada, com chance de queda de 0,25 ponto. “Vamos ver como vai funcionar na prática, com a entrada dos dois novos diretores”, diz. A GAP espera Selic em 11,75% no fim do ano. (O Estado de S. Paulo/Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues)