Estimativa para alta do PIB no ano passa de 1,9% para 2,5%

O Estado de S. Paulo

 

O Ministério da Fazenda elevou novamente sua projeção para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. De acordo com os dados divulgados ontem pela Secretaria de Política Econômica (SPE), a estimativa passou de 1,9% (porcentual divulgado em maio) para 2,5%. O resultado esperado para 2024 se manteve em 2,3%.

 

A revisão no crescimento para este ano se deve, em parte, ao resultado do PIB no primeiro trimestre, que cresceu 1,9%. Segundo a SPE, o dado foi melhor do que o esperado para o setor agropecuário e para alguns subsetores de serviços e indústria. A projeção maior para 2023 ainda foi influenciada pela expectativa de menores juros até o fim do ano, em função da desaceleração nas projeções de inflação, apontou a Fazenda.

 

No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetaram uma alta de 2,24% para o PIB de 2023.

 

A nova projeção vem depois de o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do próprio BC ter indicado uma queda de 2% no ritmo de atividade da economia em maio, já descontados os efeitos sazonais. O indicador é considerado uma espécie de “prévia” do resultado oficial do PIB (calculado pelo IBGE).

 

O fim das safras de soja e milho, que empurraram para cima os índices nos primeiros meses do ano, foi apontado como o fator que mais influenciou a queda. Economistas e analistas de mercado demonstraram surpresa com o IBC-Br de maio.

 

Mais estímulos

 

O secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou ser “evidente” que é possível que o crescimento do PIB em 2023 seja até maior do que os 2,5%, mas acrescentou que a secretaria preferiu ser cautelosa nas suas projeções. Para Mello, alguns fatores podem levar a uma variação mais próxima de 3%, que dependerão do comportamento da economia nos próximos meses e da recuperação do mercado de crédito. Nesse sentido, ele citou os futuros efeitos do Desenrola, programa do governo para renegociação de dívidas, e o lançamento do novo PAC, programado para agosto. “Estamos falando que é algo em torno de 2,5%. Achamos que é possível que seja maior do que isso, é evidente que é possível, dependendo de como a economia se comportar, se tiver recuperação do mercado de crédito. O Desenrola parece estar sendo um grande sucesso, o novo PAC, tem uma série de fatores”, afirmou ele, acrescentando que a secretaria não tem a pretensão de “acertar a segunda casa decimal, nem a primeira” da projeção. (O Estado de S. Paulo/Fernanda Teirotto e Amanda Pupo)