O Estado de S. Paulo Online/The New York Times
A Tata, conglomerado com sede na Índia, anunciou nesta quarta-feira, 19, que construirá uma fábrica de baterias de 4 bilhões de libras (US$ 5,2 bilhões) no oeste da Inglaterra – compromisso buscado pela indústria automobilística e legisladores na esperança de conter os temores de um êxodo de fabricantes de automóveis da Grã-Bretanha.
A Tata é dona da Jaguar Land Rover, montadora com sede na Grã-Bretanha. As fábricas da empresa na Grã-Bretanha seriam clientes importantes para as baterias. O governo disse que a fábrica, que criará 4 mil empregos, poderá produzir quase metade das baterias de carros elétricos necessárias para o Reino Unido até 2030.
O anúncio foi possível graças a um grande pacote de subsídios oferecido pelo governo do primeiro-ministro do Reino Unido Rishi Sunak. Nas últimas semanas, aumentaram as preocupações de que a indústria automobilística britânica poderia ser dizimada pela mudança em andamento para veículos elétricos, juntamente com a saída do país da União Europeia, o principal mercado de exportação de carros britânicos.
Ter uma grande fabricante nacional de baterias significa que as montadoras não terão de importá-laws, com tarifas ou os altos custos de transporte do equipamento. Até agora, a única fábrica de baterias da Grã-Bretanha estava ligada à maior fábrica de automóveis do país, operada pela Nissan no nordeste da Inglaterra.
Foi relatado recentemente que a Tata estava considerando construir sua fábrica de baterias na Espanha, mas tal movimento colocaria os carros da Jaguar Land Rover fabricados na Grã-Bretanha em desvantagem. O local escolhido provavelmente será em Somerset, no oeste da Inglaterra.
Grant Shapps, o secretário de segurança energética britânico, disse à BBC que o acordo foi “conquistado com dificuldade”. Ele se recusou a dizer quanto de ajuda e subsídios a Tata recebeu; o governo disse que publicaria esses detalhes “no devido tempo”.
Em comunicado à imprensa britânico divulgado pelo governo, Natarajan Chandrasekaran, presidente da Tata, disse que queria “agradecer ao governo de Sua Majestade, que trabalhou tão próximo a nós para permitir esse investimento”.
A Jaguar Land Rover produziu no ano passado quase 203 mil veículos na Grã-Bretanha, de acordo com dados da Society of Motor Manufacturers and Traders, tornando-se a segunda maior montadora do país depois da Nissan. No geral, o número de carros produzidos na Grã-Bretanha caiu drasticamente, para 775 mil no ano passado, de um pico de mais de 1,7 milhão em 2016.
Na corrida para que os fabricantes de baterias apoiem as montadoras, a Grã-Bretanha está competindo com os Estados Unidos, que oferece subsídios substanciais aos fabricantes de baterias, e a União Europeia.
Embora a fabricação de automóveis na Grã-Bretanha esteja em declínio desde 2016, coincidindo com a votação para deixar a União Europeia, ela continua sendo importante para a economia, empregando 182 mil pessoas, de acordo com a Society of Motor Manufacturers and Traders. Oito em cada dez carros fabricados na Grã-Bretanha são exportados, com quase 60% deles indo para a União Europeia.
A Tata já está fortemente investida em vários negócios na Grã-Bretanha. Juntamente com a Jaguar Land Rover, a empresa também tem operações siderúrgicas substanciais, incluindo uma grande usina no País de Gales. A empresa tem conversado com o governo sobre ajuda financeira para converter as operações da usina para produzir aço com menos emissões de carbono.
Em sua declaração, Chandrasekaran disse que a decisão da Tata de investir na fábrica de baterias “reforça seu compromisso com o Reino Unido”. (O Estado de S. Paulo Online/The New York Times/Stanley Reed)