Balcão Automotivo
Foi com grande expectativa que o mercado recebeu a definição do programa de incentivo automotivo do Governo Federal. Antes do anúncio oficial, a proposta anterior previa a redução de impostos, IPI e PIS/Cofins, entre 1,5% e 10,96% do preço final aos consumidores. Com a Medida Provisória 1175/23, publicada no Diário Oficial e valendo desde o dia 6 de junho, ficou definida uma classe de bônus para veículos de todas as categorias. Para automóveis e comerciais leves, o desconto varia de R$ 2 mil a R$ 8 mil, levando em consideração três critérios: o social, ambiental e eficiência energética. Ou seja, quanto mais o veículo corresponder a esses critérios, maior o bônus.
Ao todo, o Governo disponibilizou R$ 500 milhões como crédito tributário para as montadoras e o prazo do programa é de até 120 dias ou até se esgotar esse recurso. Pelas previsões da Anfavea, os R$ 500 milhões não serão suficientes para esse período. “O programa durará bem menos de 120 dias, talvez um mês ou um pouco mais. Eu gostaria que fossem dez dias, para atendermos rapidamente este mercado, e que o Governo entendesse a importância da geração de tributos, da retomada dessa atividade e que pudesse ampliar os R$ 500 milhões”, afirmou o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite.
Pronto atendimento
Ao contrário do que se imaginava, esse programa não aquecerá a produção das montadoras. Os estoques disponíveis, tanto nas montadoras como nas concessionárias, já o atendem. De um total de 251,7 mil unidades disponíveis, sendo que 45 mil foram adicionadas no mês de maio, 115 mil são elegíveis para receberem os descontos. Além disso, enquanto na primeira quinzena de maio as vendas de automóveis de entrada (1000 cc) cresceram 13% na comparação com o mês anterior, na segunda quinzena houve uma queda de 16% pela expectativa com o anúncio do programa e redução de preços.
Nas contas da Anfavea, o programa deve impactar entre 100 mil e 110 mil unidades. “Para chegarmos a essa conta, o desconto médio por veículo será de R$ 4,5 mil a R$ 5 mil”, comentou Leite. Um número bem inferior ao anunciado pela entidade em maio, que estimava que o programa teria um potencial para gerar um aumento de vendas neste ano da ordem de 200 mil a 300 mil unidades, quando a expectativa é que haveria a redução de impostos.
A expectativa da indústria automobilística era de que o programa tivesse um prazo de 12 meses. “Esse período daria tempo para outras montadoras se preparem para entrar nesse jogo, com veículos a preços mais baixos, e isso traria um holofote ainda maior para esse mercado. Mas, independentemente do bônus, o legado ficará, que é o desenvolvimento do mercado que estava bastante em marcha lenta, principalmente para o consumidor pessoa física. Ele cria um ambiente favorável para o aumento de vendas para esse segmento”, analisou o executivo da Anfavea
Por mais iniciativas
Nas palavras de Andreta Jr., presidente da Fenabrave, a Medida Provisória é um primeiro passo a caminho de destravar o mercado, garantir empregos e retomar o crescimento da economia, além de beneficiar o meio ambiente. “A Medida Provisória abrange pontos de suma importância no nosso entendimento, que são os parâmetros sociais, ambientais e de densidade industrial. Certamente, outras medidas surgirão, como mais acesso ao crédito, queda nas taxas de juros e outros projetos que favorecerão todo o País, e para os quais a Fenabrave está disposta a colaborar, como fez agora”, afirmou.
A entidade não fez projeções sobre o potencial de vendas com o programa, considerando que cada montadora estabelecerá, junto às suas redes de concessionárias, a forma de operação, considerando os modelos em estoque já existentes nas distribuidoras. Uma avalição da Medida Provisória pela entidade será divulgada no mês de julho. A Fenabrave representa 54 marcas, distribuídas em mais de 7.400 concessionárias. (Balcão Automotivo/Karin Fuchs)