O Estado de S. Paulo/Mobilidade
Ao contrário do que se esperava, as vendas de caminhões novos, neste primeiro semestre, não decolaram. Isso significa que a Medida Provisório 1175/23, criada pelo governo federal, há um mês, para impulsionar as vendas de veículos, não funcionou para os comerciais pesados. De acordo com o resultado dos emplacamentos, as vendas de caminhões sofreram retração de 28,86%, em junho, na comparação com o mesmo período de 2022.
Em números, as revendas emplacaram 7.722 caminhões, no mês passado, ou seja, bem menos do que os 10.854 modelos entregues no mesmo mês de 2022. Do mesmo modo, o resultado de junho foi menor do que o registrado em maio, com queda de 2,17%, em relação aos 7.893 emplacamentos. Os números são da Fenabrave, entidade que representa os concessionários de veículos no País.
Já no acumulado do ano, o recuo é de 12,10%. Enquanto, no primeiro semestre deste ano, o setor negociou 50.352 caminhões 0-km, nos seis primeiros meses de 2022, foram emplacados 57.282 veículos de carga.
José Maurício Andreta Júnior, presidente da Fenabrave, reconhece que a MP não decolou, e credita o resultado ao fraco desempenho da economia, com exceção do agronegócio.
“As vendas de caminhão estão diretamente relacionadas ao PIB. Além disso, precisam de crédito, linhas de financiamento e boas taxas de juro. Também é natural que, com a virada do Euro 5 para o Euro 6, o cliente antecipou suas compras para não encarar o aumento de preços dos novos veículos com motores mais modernos e menos poluentes.”
Andreta Júnior ainda acrescenta que a aplicabilidade do programa não ajudou. Ou seja, quem compra caminhão 0-km não tem um de 20 anos para dar na troca. Do mesmo modo, quem tem caminhão de 20 anos não consegue pular para um modelo Euro 6.
Por essa razão, para o presidente da Fenabrave, esse programa serviu para o governo perceber que, em veículos comerciais, deve haver incentivos para a renovação de frota. Com financiamento específico, por exemplo. Nesse sentido, a entidade e o governo devem se reunir para fazer o Programa Renovar – de renovação de frota – acontecer.
Conversa com o governo
“O Renovar tem vários entraves com relação à regulamentação. Um deles, por exemplo, diz respeito ao descarte de peças. Dessa forma, vamos conversar com o governo para ver se conseguimos desenvolver um plano assertivo”, diz Andreta Júnior.
A Fenabrave acredita que as vendas de caminhões devem se manter como no ano passado, com 124.500 emplacamentos.
Por outro lado, para o mercado de ônibus, a federação projeta um crescimento de 5% nas entregas. Ou seja, um discreto aumento de 21.800 (2022) para um pouco mais de 22.900 (2023). De acordo com Andreta Júnior, por causa do represamento no período da pandemia de covid-19, as empresas estão comprando produtos para renovar suas frotas.
Some-se a isso o Programa Caminho da Escola, que ajuda a estimular as vendas de ônibus. Nesse sentido, em junho, as operações cresceram 22,18%, na comparação com junho do ano passado. Assim, as marcas venderam 2.115 ônibus, frente aos 1.731 do ano passado.
Do mesmo modo, no acumulado de 2023, houve crescimento de 45,83% nos negócios. No primeiro semestre, o setor faturou 13.399 ônibus. Enquanto isso, negociaram 9.188 veículos em 2022. Entretanto, ocorreu retração de 5,45% nos emplacamentos de junho, em relação a maio, quando a rede faturou 2.237 ônibus. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/Andrea Ramos)