O Tempo
A primeira vez que mantive contato com carros fabricados na China aconteceu durante uma distante edição do Salão de Detroit, nos Estados Unidos. Depois de atravessarem o oceano, os chineses acabaram sendo, literalmente, “barrados no baile”.
Não foi fácil a trilha percorrida pelos carros chineses
No pavilhão principal onde as estrelas americanas General Motors, Ford e Jeep mostravam seus produtos em gigantescos estandes, com shows de pirotecnia e muito barulho, a eles nem foi permitida a entrada dentro.
Sem direito a participar da festa, ficaram do lado de fora
Os fabricantes chineses que se dispuseram a desembarcar nos EUA, àquela época, com intenção de aproveitar a grande vitrine que é a mostra americana de veículos, deram com a “cara na porta”. A esta turma vinda da China foi oferecido um local na parte externa do principal espaço do Cabo Hall, local onde acontece o salão.
Uma profecia anunciava que um dia eles chegariam
Mesmo assim, timidamente acomodados e em lugar de pouco movimento e trânsito de jornalistas, que anualmente viajam aos EUA para cobrir o evento, eles deram seu recado. E ninguém menos que o já falecido mago Bob Lutz, engenheiro automotivo com passagens pelas maiores marcas do mundo, fez o papel de garoto propaganda ao dizer em alto e bom a frase: “Eles estão chegando”, que soou profética.
O Brasil é hoje um mercado muito atraente aos olhos do mundo
Muitos pares de anos se passaram e a previsão de Lutz se confirmou. Os chineses chegaram e fixaram residência e o Brasil vem recebendo-os de braços abertos. Principalmente os que aqui acreditam e investem na construção de fábrica para produzirem seus automóveis.
No próximo ano teremos em operação três fábricas no Brasil de carros chineses
Se em um passado remoto parecia impossível acreditar que teríamos fábricas de automóveis chineses por aqui, hoje temos uma em plena produção, a Caoa-Chery, uma em fim de adaptação para iniciar a fabricação de seus produtos, a Great Wall Motors (GWM) e na semana passada assistimos ao anúncio de uma terceira, a BYD, para o fim do próximo ano.
Dentro do contexto atual os chineses produzirão híbridos ou 100 % elétricos
E mais do que isso todas mergulhadas no universo da eletrificação, com seus automóveis movidos com motores ou híbridos ou totalmente elétricos. A desconfiança que vivemos anos atrás com a chegada dos carros “made in Coréia” e de poucas chinesas, como a Jac Motors, que ameaçou construir uma planta na Bahia e não passou de um balão de ensaio, ficou para trás. (O Tempo/Raimundo Couto)