Com montadoras em crise, faturamento da indústria de autopeças cai 18,8% em abril

Hora do Povo

 

Em meio às paralisações de produção das montadoras de veículos por falta de demanda, o faturamento da indústria de autopeças recuou 18,8% em abril, em comparação ao mês anterior, segundo dados do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores). No período também houve retração das vendas para o mercado de reposição, tombo de -4,1%.

 

No quarto mês deste ano, o faturamento das montadoras encolheu 22,9% no período e 5,8% na comparação anual.  Diante do quadro de juros altos no Brasil, estabelecido pela política contracionista monetária do Banco Central (BC), reprimindo o consumo e encarecendo ainda mais o crédito no Brasil,  as empresas de veículos estão com seus pátios abarrotados de veículos por não ter para quem vender.

 

Até março, a produção de veículos 0 km mostrou queda de 19,4% e os licenciamentos redução de 19,2%. A utilização da capacidade fabril mostrou forte recuo em abril, diminuindo 5,0 p.p. frente ao mês imediatamente anterior. Já o volume de empregos na indústria de autopeças apresentou queda de 0,5%.

 

Pátios lotados e demissões

 

Na semana passada a Volkswagen anunciou a paralisação da produção de carros no Brasil por conta da estagnação econômica. Nesta segunda-feira (3), a Renault anunciou que sua fábrica em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), suspendeu temporariamente os contratos de trabalho de seus funcionários (layoff). A medida atinge cerca de 1.000 trabalhadores e começa a valer a partir de hoje na fábrica de veículos de passeio. A Mercedes Benz informou que encerrará suas atividades em Campinas (SP) com a demissão de 305 funcionários.

 

A decisão foi tomada para “ajustar a produção à demanda de mercado”, disse a Renault.  A partir do dia 10 de julho a paralisação temporária começa nas fábricas de motores e injeção de alumínio da montadora.

 

Até o mês passado, o Brasil somava pelo menos 15 paralisações de fábricas de veículos por falta de demanda. Para ajudar a alavancar as vendas de carros  no Brasil, o governo Lula lançou em 6 de junho um programa de incentivo à indústria automotiva, através de subsídio tributário, que garante descontos para carros que custam até R$ 120 mil.

 

Ao saudar os esforços do governo Lula em ajudar o setor de veículos, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, apontou os juros altos como o principal problema para as vendas. “A inflação caiu, então com isso, os juros reais estão mais caros”. “Com a inflação caindo e mantendo a taxa de juros, a diferença aumenta”, criticou.

 

Lima Leite explica que, “embora essa medida do governo, que tem sido uma medida muito boa no sentido de acelerar, de trazer o consumidor novamente com esse desejo do carro zero, isso tudo é muito positivo, e a indústria comemora, mas nós temos um estoque hoje de mais de 250 mil. Esse estoque com uma produção acelerada ele acaba não sendo suficiente para esgotar o estoque e fazer com que o mercado dê uma fluidez entre demanda e produção”, disse em entrevista ao Canal Livre da BandNews. (Hora do Povo)