Produção local deve começar a partir de 2024, projetam chinesas

O Estado de S. Paulo

 

Sigla para Build Your Dreams (“construa seus sonhos”, em português), a chinesa BYD, maior fabricante global de veículos elétricos desde o ano passado, quando ultrapassou a Tesla, está perto de concluir negociações para a compra da fábrica da Ford na Bahia. O negócio deve ser fechado na terça-feira, informa o governo baiano. No local, pretende instalar três bases produtivas de automóveis, caminhões e ônibus e processamento de lítio para baterias. A produção local terá início 18 meses após o fechamento dos contratos, informa Tyler Li, CEO do grupo no País.

 

O investimento anunciado para a fábrica é de R$ 3 bilhões. “Esse valor certamente vai aumentar”, diz o executivo. Há informações de que pode chegar a R$ 10 bilhões, o mesmo aprovado pela GWM. Segundo ele, o grupo tem centenas de pessoas trabalhando atualmente em diversas frentes de atuação, com suporte da matriz em infraestrutura e tecnologia. A BYD tem outras três fábricas no País de ônibus elétricos e de módulos fotovoltaicos em Campinas (SP), e de baterias de fosfato de ferro lítio em Manaus (AM).

 

A BYD também buscará fornecedores locais. Tyler Li afirma que um dos fatores fundamentais para o grupo se tornar uma potência global é a amplitude de sua atuação, de semicondutores a painéis solares, de baterias a carros elétricos.

 

Já a GWM deve iniciar sua produção na fábrica de Iracemápolis em maio de 2024, provavelmente com uma picape de porte médio. Se confirmada, será o primeiro veículo desse segmento com tecnologia que opera com motor a combustão e bateria.

 

Ônibus elétrico

 

No segmento de ônibus, o que atraiu a maior fabricante global Higer Bus foi a grande dependência do País por esse tipo de veículo para o transporte público. Cidades da Europa dispõem de grande malha ferroviária e de metrô, os Estados Unidos têm elevado índice de carro por habitante e a China caminha nessas duas direções. O Brasil e vários países da região, diferentemente, seguirão com elevada demanda por ônibus.

 

Somou-se a esse quadro a necessidade de investimentos na descarbonização. A Higer Bus chegou ao País no ano passado com a importação de ônibus elétricos, de olho nos processos de licitação de compras abertos por prefeituras. Em parceria com a brasileira TEVX, o grupo recebeu, até o momento, 215 encomendas de ônibus elétricos que chegarão ao mercado entre julho e setembro.

 

“Tivemos de fazer várias modificações em cada um dos nossos modelos para atender as normas brasileiras”, informa Marcelo Barella, diretor da Higer Bus para a América Latina. Chamado de Azuri e com a marca TVEX Higer, o ônibus elétrico custa R$ 2,8 milhões, sendo que as baterias respondem por 46% do valor.

 

Para a montagem local, que começará no próximo ano, serão investidos na primeira fase US$ 10 milhões (cerca de R$ 50 milhões) em instalações em Fortaleza (CE).

 

Caminhão elétrico

 

Importadora e depois fabricante no País de produtos da linha amarela (máquinas e equipamentos) desde 2004, a XCMG anunciou no começo de junho que pretende produzir caminhões elétricos rodoviários de grande porte no Brasil a partir de 2025, mas ainda não informa investimentos previstos.

 

A XCMG já importou da matriz chinesa 200 unidades do caminhão chamado de E749T, com capacidade de transporte de 49 toneladas e autonomia de 150 quilômetros. É o primeiro com essas características no País e custa R$ 1,3 milhão. Por sua autonomia, é mais indicado para transporte de curta distância, por exemplo entre uma fabricante e seus clientes ou até um centro logístico. “Já temos planejamento de volumes mensais de novas unidades”, afirma Ricardo Senda, gerente de veículos elétricos da empresa. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)