Jornal do Carro
Cinco décadas após o seu lançamento, a Volkswagen comemora a fabricação do Brasília, compacto da marca criado inteiramente no Brasil e exportado para mais de 25 países. Em razão da importância do modelo, a marca mantém uma das últimas unidades produzidas em seu acervo, chamado de Garagem VW.
Nunca emplacada, a unidade do hatch deixou a linha de produção na Fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, direto para a engenharia da fábrica, e por lá está até hoje. O Brasília, modelo LS 1982, tem apenas 460 quilômetros rodados, e mantém seu motor original: o 1.6 litros boxer a ar, com carburação dupla.
Na versão topo de linha LS, o modelo ostenta itens luxuosos para a época, como imitação de madeira no painel, além do novo quadro de instrumentos, estreado na linha 1980, com relógio e mostradores integrados, por exemplo. Além disso, o modelo contém acendedor de cigarros, bancos dianteiros com encostos de cabeça e desembaçador.
Pintado na cor Verde Mármore, o exemplar ainda preserva muito da sua originalidade. Bem como o revestimento vinílico nas portas e nas laterais dos bancos, algo raro em um carro com 41 anos de idade.
O que movia o Brasília era o motor 1.600 cm³ de 60 cv. Em 1975 veio a versão com dois carburadores, o que aumentou a potência para 65 cv. Além disso, o modelo contava com freios a disco na dianteira, trava especial no capô e estrutura para absorver a energia cinética em um impacto, por exemplo.
Brasília 1982 tem só 460 km rodados
Contudo, com linhas retas e racionais, o Brasília se destacava pela motorização e pelo amplo espaço interno. Nomeado para homenagear a capital federal, o desenho foi desenvolvido pelo projetista Marcio Piancastelli e pela equipe brasileira da VW, algo inédito até então. Lançado em 1973, competiu contra o Chevrolet Chevette e Dodge Polara por uma vaga nas casas brasileiras.
Além do espaço interno, o modelo tinha um trunfo: a capacidade para bagagens. O Brasília era o escolhido pelos viajantes, por conta dos 135 litros do porta-malas dianteiro e dos 273 litros do bagageiro traseiro, por exemplo. As malas colocadas sobre a tampa do motor abafavam o som do boxer, tornando o carro mais silencioso.
Em 9 anos de produção, o Brasília atingiu 1 milhão de unidades. Destas, mais de 900 mil foram apenas para o mercado interno, um número surpreendentemente grande até então. Tal marca só foi batido pelo Fusca, que é o segundo carro mais vendido da história da montadora no Brasil – ou seja, perde apenas para o VW Gol.
Considerada revolucionária para o mercado nacional, o Brasília fez sucesso no País, assim como em diversos países, incluindo México, Venezuela, Portugal e Nigéria, seus principais mercados. Após popularizar o segmento de hatches no Brasil, saiu de cena em março de 1982, deixando uma legião de fãs até hoje. (Jornal do Carro/Rodrigo Tavares)