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A Marcopolo mantém perspectiva positiva para o mercado de ônibus, com a retomada mais vigorosa a partir do segundo semestre. “Estamos otimistas com a recuperação deste setor que foi um dos mais afetados pela pandemia. A retomada deverá ocorrer porque as compras ficaram represadas e essa demanda reprimida abre oportunidade para a renovação da frota”, disse André Vidal Armaganijan, CEO da Marcopolo, durante a apresentação do primeiro protótipo de micro-ônibus autônomo da América do Sul em Caxias do Sul (RS).
Outro fator que aponta para um cenário favorável para o segmento de ônibus, segundo Armaganijan, é o bom movimento de passageiros não somente no Brasil, mas em vários mercados da América Latina onde a Marcopolo também está presente. “Os preços elevados das passagens aéreas têm favorecido o setor, com a movimentação também de passageiros da classe A e B no transporte por ônibus, que antes atendia uma classe econômica de renda menor.”
A preferência do ônibus pela classe social mais elevada tem aumentado a demanda por ônibus leito, e o rodoviário G8 da Marcopolo tem se destacado no mercado. “É um ônibus mais moderno, tem mais equipamentos de segurança, mais tecnologia e mais conforto”, destacou o CEO da companhia.
A Marcopolo esperava uma procura maior pelo G7 por causa do preço inferior, mas a troca pelo G8 tem sido mais acelerada do que a empresa esperava devido à boa aceitação do novo modelo. “Com mais pessoas voltando a utilizar o transporte por ônibus, há uma melhora na receita dos operadores e a tendência é que as dificuldades financeiras causadas pela pandemia sejam solucionadas e comecem a gerar possibilidade de renovação de frota”, disse o executivo.
O CEO da Marcopolo acrescenta a essa boa perspectiva para o setor as condições macroeconômicas o país, apesar de as taxas de juros ainda estarem muito elevadas. “Não vejo nenhuma sinalização de aumento das taxas de juros e sim o início de um processo de redução, o que tende a ajudar o setor. Também há uma tendência de melhorar o acesso ao crédito. Ainda não estamos em bons momentos, mas em perspectivas positivas”, ressaltou Armaganijan.
“A minha visão é que daqui para frente tenha muito mais tendência de redução da taxa de juros e isso leva mais movimento para o sistema de transporte coletivo. E quando comparamos os números da indústria de ônibus hoje com 2014 e 2015 ainda há muita oportunidade de renovação”, observou o executivo.
Créditos para estimular o setor
Sobre o pacote de incentivos de R$ 300 milhões destinado pelo governo federal para o segmento de ônibus, o CEO da Marcopolo avalia que esta é uma ação adicional que pode ajudar um pouco, mas o período talvez seja muito curto. “Um dos movimentos positivos para conseguir aproveitar ao máximo esse pacote do governo é a extensão do prazo. Na minha visão, a necessidade de renovação de frota, as pessoas voltando ao sistema de transporte, o preço elevado do setor aéreo e os operadores em situação melhor são fatores mais relevantes para a retomada do mercado de ônibus. O nosso otimismo vem de ações prévias a esse anúncio”, ressaltou o executivo.
Armaganijan citou também o programa Caminho da Escola, que deverá ter licitação aberta pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) no terceiro ou quarto trimestre, como mais um fator que poderá colaborar para o bom desempenho do setor. Neste programa, a Marcopolo tradicionalmente tem 60% de participação. “No período de transição do Euro 5 para o Euro 6, em que o veículo está mais caro, poderá haver uma pequena redução no segundo trimestre, mas quando olhamos para o terceiro e quarto trimestre em que há uma sazonalidade positiva com férias de fim de ano, a vinda do ônibus elétrico e o projeto do Euro 6 estabelecido nas montadoras, a expectativa é positiva para 2023, com volumes superiores a 2022.”
A estimativa de Armaganijan é de que o segundo semestre seja melhor não somente para o mercado de ônibus no Brasil, mas em outros países da América Latina, como o Chile, Argentina, Peru e México, onde a Marcopolo tem grande presença.
Micro-ônibus autônomo
Sobre o primeiro micro-ônibus autônomo da marca na América Latina, o CEO da Marcopolo comentou que esse veículo é um marco na história da companhia. “É um passo importante que a empresa dá para estar à frente em novos desenvolvimentos e o ganho com isso são as parcerias estratégicas com players que podem trazer outras soluções que podem ser transferidas para outros carros da marca.”
Armaganijan comentou que o nível 4 de automação do ônibus autônomo, sem a intervenção humana, é o mesmo de grandes empresas globais. “Tive a oportunidade de andar veículos autônomos na Europa e vejo que este é um produto suave e está bem afinado para um protótipo.”
Não há previsão de comercialização do ônibus autônomo em curto prazo. “Temos a possibilidade de usá-los em ambientes controlados, principalmente em fretamento, transporte de pessoas dentro de grandes complexos industriais.”
O executivo acrescentou que a Marcopolo começa a ter um perfil diferente de pessoas no ambiente de trabalho. “Além do pessoal de engenharia de processo, de engenharia de manufatura e produto, a empresa começa a ter engenheiro de software na organização e a trazer um perfil voltado à tecnologia”. (Portal Technibus/Sonia Moraes)