Carro e moto populares são os mais visados por ladrões em São Paulo

O Estado de S. Paulo

 

Carros populares e motocicletas de baixa cilindrada são os veículos mais procurados por criminosos em São Paulo. Considerando apenas os dados do ano passado, o Chevrolet Onix é o automóvel mais visado na capital paulista. Entre as motos, a Honda CG 160 FAN aparece na liderança de casos.

 

O Estadão listou os 40 modelos de veículos que estão no topo das ocorrências, tomando como base os registros de roubo informados à Polícia Civil por meio dos boletins de ocorrência (BOs). A lista completa pode ser consultada no link https://bit.ly/3JbwofC.

 

Para elaborar a análise, a reportagem considerou o número de veículos subtraídos somente em 2022. Se uma consulta a um modelo não apresentar casos registrados na lista elaborada, isso acontece porque o veículo em questão não está entre os 40 modelos mais roubados.

 

Com o Onix, no topo da lista de mais roubados, estão o Hyundai HB20, o Ford Ka, o Honda Fit e o Toyota Corolla. Fiat Palio, Chevrolet Celta e Volkswagen Gol – sinônimos de carro popular no País na década passada – também estão na lista, apesar de já terem saído da linha de produção. O mesmo ocorre com o Chevrolet Corsa. Descontinuado há mais de dez anos, ele acumula a maior proporção de usados entre os roubados: 76,9% das unidades desde 2003 tinham mais de quatro anos de uso.

 

Entre as motocicletas, a Honda CB 160 Fan encabeça o ranking de roubos. O modelo é uma variação da Honda CB 160, moto mais vendida no País conforme a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Foram 43.442 vendidas só no mês de maio deste ano. Outras três versões da CB 160 aparecem no top 10 das motos: Titan, Start e Cargo.

 

Seguro em alta

 

Se, de um lado, o número de roubos mostra a dinâmica da violência urbana, por outro, pressiona o setor de seguros para veículos. Em abril, o preço alcançou o maior patamar dos últimos 28 meses, de acordo com cálculos da TEx, startup responsável por elaborar e divulgar o Índice de Preços do Seguro de Automóvel (IPSA). São Paulo, município com a maior frota de veículos do País, está entre as cidades que mais sentiram a variação de preços do serviço.

 

O impacto no bolso do motorista, inclusive, muda de acordo com a localização em que ele circula. O seguro na zona leste da capital, por exemplo, é 75% superior ao da região central, ainda segundo a TEx.

 

Professor da Escola Nacional de Seguros (ENS), Evandro Baptistini explica a lógica por trás das alterações nos preços do serviço: entre os fatores que influenciam na cobrança estão o perfil do condutor, a região por onde o cliente mais circula e o estado de conservação do carro. “Alguns modelos são mais visados por causa da procura de peças no roubo de veículos”, afirma o especialista. O mercado paralelo de componentes também é considerado para cálculo das seguradoras. Isso porque quanto mais carros antigos circulando, maior a demanda por peças já fora de circulação. “Onde as pessoas vão encontrar? No mercado ilícito”, afirma.

 

Levantamento

 

O levantamento de veículos mais roubados, relativo a 2022, só considera os casos de roubos registrados em vias públicas e comunicados à Polícia Civil por meio de boletim de ocorrência. A série histórica por modelo leva em consideração o ano da subtração e não o de registro do BO, evitando que casos registrados após o dia do roubo interfiram no resultado final. A curadoria desta reportagem considera apenas carros de passeio, excluindo utilitários, vans e outros automóveis.

 

Para evitar dispersão nos números, variações dos modelos de carros foram desconsideradas. Dessa forma, as estatísticas de unidades como Fiat Palio Weekend e Fiat Palio Fire foram reunidas na mesma etiqueta (Fiat Palio). Nas motos, por causa da quantidade de alternativas, optou-se por manter os modelos.

 

A diferenciação do estado de conservação segue a utilizada pela Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto): usados para carros com mais de quatro anos de diferença entre o ano do crime e o ano de fabricação; seminovos para aqueles com idade entre zero e 3 anos de uso.

 

Já a contagem de veículos leva em consideração a quantidade de automotores roubados. É importante ressaltar que uma ocorrência pode reunir mais de um veículo subtraído. Nesta análise, foram encontrados casos em que um boletim acumulava mais de dois veículos roubados. Como esta porção correspondia a só 2% das ocorrências, esses registros foram desconsiderados.

 

Rota +Segura

 

Uma forma de saber quais são as rotas “mais tranquilas” para circular pela cidade é utilizando a ferramenta Rota +Segura, desenvolvida pelo Estadão. A ferramenta utiliza informações do Sistema de Registro Digital de Ocorrências (RDO), a estratégia oficial da Secretaria da Segurança para reunir informações de boletins de ocorrência. Confira em https://bitlybr.com/BhoUxI (O Estado de S. Paulo/Cindy Damasceno, Lucas Thaynan e Bruno Ponceano)