Inflação abaixo do esperado em maio reduz projeção para o ano

O Estado de S. Paulo

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,23% em maio, ante 0,61% em abril. Foi a menor variação mensal desde setembro de 2022. O item que mais contribuiu para a queda foram passagens aéreas, com baixa de 17,73%. Combustíveis também caíram. O resultado surpreendeu analistas. Alguns passaram a considerar a possibilidade de deflação neste mês e de um índice abaixo de 5% no acumulado do ano. O desempenho reduziu a taxa acumulada em 12 meses, que passou de 4,18%, em abril, para 3,94% até maio. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central para este ano é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos – entre 1,75% e 4,75%. O resultado do IPCA também reforça a perspectiva de corte nos juros.

 

A inflação voltou a desacelerar em maio, desta vez sob influência da queda nos preços das passagens aéreas e dos combustíveis, e levou o mercado a refazer suas projeções para os próximos meses. Alguns analistas passaram a considerar a possibilidade de deflação neste mês e de uma inflação abaixo de 5% no acumulado do ano.

 

Pelos dados divulgados ontem pelo IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,23% no mês passado, ante 0,61% em abril. Foi a menor variação mensal desde setembro de 2022.

 

O resultado surpreendeu até mesmo os analistas mais otimistas consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam inflação entre 0,24% e 0,45%. O desempenho reduziu a taxa acumulada em 12 meses, que passou de 4,18%, em abril, para 3,94% até maio. Como comparação, a meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos – ou seja, entre 1,75% e 4,75%.

 

“Se pegarmos o IPCA-15 e o (IPCA) cheio, não tínhamos uma surpresa acumulada tão grande desde 2005 na série histórica”, diz o economista Luís Menon, da Garde Asset. Segundo ele, após esse resultado, as chances de uma deflação em junho voltaram a aparecer.

 

Para o ano, a projeção de alta de 5,1% do IPCA ganhou viés de baixa, e Menon diz não ser improvável a inflação fechar o ano abaixo de 5%. “É impressionante a velocidade dessa queda, que é muito puxada por alimentos.”

 

Já a estrategista de inflação da corretora Warren Rena, Andréa Angelo, projeta uma deflação de 0,09% para o IPCA de junho. Para o mês seguinte, a expectativa é de variação positiva entre 0,20% e 0,24%. As projeções da Warren para o IPCA de 2023 (de alta de 4,8%) e 2024 (4,2%).

 

Juros

 

O resultado também deve aumentar a pressão para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC retome a trajetória de corte da Selic, que hoje está em 13,75%. A próxima reunião do colegiado está marcada para os dias 20 e 21 deste mês. Por ora, a maioria dos analistas trabalha com um cenário de redução da taxa básica de juros só a partir de agosto.

 

“Caso a evolução dos dados continue nessa trajetória, a janela para cortes na taxa de juros começa a se abrir”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. Para o economista André Perfeito, o IPCA de maio “sacramenta” o corte na Selic, embora ele também não espere uma redução na reunião deste mês.

 

Os preços das passagens aéreas caíram 17,73%. Houve recuo também no óleo diesel (-5,96%), gasolina (-1,93%) e gás veicular (-1,01%) apesar de o etanol ter subido (0,38%). As famílias pagaram mais pelo tomate (6,65%), leite longa-vida (2,37%) e pão francês (1,40%). Por outro lado, houve queda nas frutas (3,48%), óleo de soja (-7,11%) e carnes (-0,74%). (O Estado de S. Paulo/Daniela Amorim e Mariana Gualter)