Iniciativa vai ter efeito reduzido, dizem consultores

O Estado de S. Paulo

 

As medidas anunciadas anteontem para baratear os preços dos automóveis, em especial os chamados “carros populares”, e incentivar a renovação da frota de caminhões e ônibus não devem ter o efeito inicialmente esperado pelas fabricantes – de ampliar as vendas entre 200 mil e 300 mil unidades.

 

“Acho que está mais para 100 mil, se chegar lá”, diz o consultor especializado em setor automotivo Ricardo Bacellar, da Bacellar Advisory Boards.

 

Em sua opinião, o principal problema para a retração do mercado automotivo é o empobrecimento da classe média. “Se já está difícil em bens menos caros, a ponto de vermos a crise de grupos como Americanas e Magazine Luiza, imagina em um produto como o automóvel.”

 

Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), avalia que o financiamento, modalidade importante no comércio de veículos, continua prejudicado pelo nível de juros. Por outro lado, diz ele, o fato de a medida ser de curta duração pode concentrar as decisões de compra de uma parcela de consumidores e deve ajudar o mercado, “mas não o suficiente para cobrir as perdas da pandemia”. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)