Não levei meu carro para o recall. E agora?

O Estado de S. Paulo/Mobilidade

 

Nos últimos anos, uma prática muito positiva das montadoras vem ganhando importância: o recall. Quando o carro apresenta um defeito de fabricação que compromete a segurança de motorista e passageiros, a fabricante convoca os proprietários para que levem seus veículos para a concessionária, onde o reparo será feito gratuitamente.

 

Além da questão da segurança, o recall acontece se o automóvel não estiver em conformidade com alguma questão de legislação governamental.

 

“Na indústria automotiva, o desenvolvimento de um projeto utiliza uma técnica denominada FMEA, que, em português, significa modo de falha e análise de efeito, a fim de garantir a confiabilidade do veículo”, ressalta Cléber Willian Gomes, professor de Engenharia Automotiva da FEI.

 

Ele explica que, no FMEA, a severidade é levada em consideração em uma escala de 0 a 10. Dessa forma, mesmo que um componente nunca tenha apresentado defeito, se as avaliações mostrarem um grau mínimo de risco de acidente, então, o modelo é chamado para recall.

 

Cabe ao motorista conduzir o veículo o mais rápido possível para o conserto. “Quanto mais ele demorar, maior será o perigo a que estará submetido”, afirma.

 

As montadoras costumam estabelecer um prazo para o recall, mas, ainda que o proprietário perca a data determinada, o serviço continua gratuito, uma vez que é responsabilidade da empresa reparar o problema detectado.

 

Código de Trânsito obriga o recall em situações mais extremas, a fabricante pode tomar a decisão de tirar o carro de circulação. Nesses casos, o consumidor tem o direito de ser ressarcido ou trocar de automóvel.

 

O dono pode até demorar para levar o carro à concessionária, mas não deve desconsiderar o chamado. Se isso acontecer, ele não conseguirá licenciar o veículo ou fazer uma eventual transferência, segundo a lei 14.071/2020 do Código de Trânsito Brasileiro (CBT).

 

“São medidas que visam pressionar o comparecimento ao recall e não tentar passar adiante um veículo com algum problema grave, capaz de afetar a segurança. A convocação precisa ser levada a sério; ignorar o recall pode ser fatal”, salienta Gomes.

 

Há várias formas de saber se um veículo está envolvido em recall. Antes de mais nada, a montadora é obrigada a anunciá-lo publicamente nos meios de comunicação, como TV, rádio, jornal e sites. Além disso, o proprietário pode ser avisado por carta ou pelo aplicativo da Carteira Digital de Trânsito. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade)