Recursos liberados para financiamento de veículos atingem R$ 195,3 bilhões em 2022

Motor Ação

 

A Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (ANEF) divulga o levantamento dos resultados alcançados pelas instituições financeiras do setor automotivo em 2022. No total, o saldo de crédito direto ao consumidor (CDC) e das carteiras de leasing para compra financiada de automóveis pelas pessoas físicas e jurídicas fechou o ano em R$ 195,3 bilhões, recuo de menos de 1% se comparado ao ano anterior. Considerando apenas o CDC, o acumulado foi de R$ 194,1 bilhões, seguindo como a modalidade mais utilizada pelos consumidores.

 

Para Paulo Noman, presidente da ANEF, 2022 foi um ano atípico para as modalidades de pagamento dos veículos e comerciais leves, onde a participação das vendas financiadas ficou contida em 32% do total, enquanto as vendas à vista alcançaram o pico de 64% e o Consórcio continuou com uma participação de 4%.

 

A perspectiva da ANEF para 2023 é positiva, porém com um cenário contido devido à atual conjuntura dos arranjos econômicos. “A projeção é que o total de recursos liberados esse ano seja de R$ 197,3 bilhões, o que representa aumento de 1% em relação a 2022”, reforça Noman.

 

Carteira e produtos

 

A soma total do saldo das carteiras de veículos CDC e leasing foi de R$ 374,1 bilhões, um aumento de 11,8% em um ano. O CDC teve um crescimento significativo, 12% em relação a 2021, passando de R$332 bilhões para R$371,7 bilhões. Já o leasing apresentou uma queda de 4%, passando de R$2,5 bilhões, em 2021, para R$ 2,4 bilhões em 2022.

 

O CDC continua sendo o principal responsável pelos financiamentos do país, principalmente para as compras por pessoa jurídica, que saltou de R$ 90.777 bilhões em 2021, para R$ 113.480 bilhões em 2022, aumento de 25% em 12 meses. O saldo em carteira para pessoa física foi de R$ 258,2 bilhões, crescimento de 7% em relação ao ano anterior.

 

A modalidade de leasing para pessoa física passou de R$ 378 milhões em 2021 para R$ 277 milhões em 2022. Para pessoa jurídica o saldo em carteira foi de R$ 2.126 bilhões em 2021, para R$ 2.162 bilhões.

 

Resultados de vendas

 

Em 2022 houve um decréscimo de recursos liberados, de 0,7% em relação a 2021. Um ano fortemente impactado pela alta nos valores dos veículos, somado ao aumento da inadimplência e dos juros, que chegou em dezembro a 25,33% a.a. Somam-se também as incertezas da economia e a expectativa em relação ao novo Governo.

 

“As vendas à vista dos veículos e comerciais leves alcançaram 64%, das 12.140,1 milhões de unidades comercializadas no ano, 14% de aumento em relação a 2021. O resultado surpreendeu o mercado como um todo, se analisarmos o contexto macroeconômico do ano de 2022, com guerra no leste europeu, falta de semicondutores, expectativas em relação à economia e às eleições presidenciais”, destaca o presidente da ANEF. As vendas financiadas ficaram com 32% do total contra 46% do ano anterior, quando 13.378,8 milhões de unidades foram vendidas. Os consórcios mantiveram uma participação de 4%.

 

Os pagamentos para veículos comerciais (caminhões e ônibus) tiveram o financiamento como a modalidade mais utilizada, 37% das 533,6 mil unidades licenciadas no ano. Porém, com uma queda de 8% em relação a 2021, quando foram financiados 591,4 mil veículos. O Finame e as vendas à vista cresceram 4% e o consórcio 1%.

 

O destaque do ano foram as vendas de motocicletas novas, que registraram aumento de 17%, passando de 1.157,3 milhão de unidades em 2021, para 1.362,1 em 2022. O financiamento de motos por meio de CDC e leasing representou 34% dos 4.421,8 milhões de unidades licenciadas no ano, entre novas a usadas. Os consórcios, que responderam por 30% do total, tiveram queda de 2% em relação ao ano anterior. E os pagamentos à vista tiveram alta de 5%, passando a 36%.

 

Inadimplência

 

A inadimplência de pessoa física (atrasos de pagamentos com mais de 90 dias) alcançou seu maior índice nos últimos anos, batendo 5,9%, o que representa um aumento de 1,5% em relação a 2021. Já no financiamento CDC foi de 5,4%, sendo 1,6% a mais do que no ano anterior. E no Leasing 3,3%, diminuição de 0,3%.

 

Na análise da porcentagem de atrasos entre 15 e 90 dias, a carteira de CDC, para pessoa física, teve uma alta de 0,8% no ano, passando de 6,6% para 7,4% do total de financiamentos da carteira. Para pessoa jurídica, o aumento foi de 1,1%, passando de 2,5% para 3,6% do total de atrasos.

 

A carteira de leasing para pessoa física teve alta de 1,4 % em 12 meses, fechando 2022 com 6,5% do total da modalidade. E para pessoa jurídica apresentou uma diminuição de 1,2%, passando de 2,1% para 0,9%. (Motor Ação)