AutoIndústria
No comando da Nissan do Brasil há apenas dois meses, o argentino Gonzalo Ibarzábal se mostra entusiasmado com o potencial das operações locais. Em entrevista exclusiva ao AutoIndústria durante o lançamento do novo Sentra esta semana, o executivo foi objetivo ao falar dos planos da marca para o País, destacando projeto de reforçar a posição do Polo Automotivo de Resende, no sul-fluminente, como polo exportador de veículos e também peças.
Também abordou objetivo de ampliar participação no mercado brasileiro de 3% para 4% em um ano, o que contrasta com posição das direções anteriores que diziam que ganho de market share não era prioridade da empresa por aqui. Há 20 anos atuando no setor automotivo, dos quais nove na Nissan, ele assumiu a presidência e a direção geral no Brasil em janeiro deste ano.
Durante o evento de lançamento do novo Sentra, o senhor falou sobre a expansão da fábrica de Resende como hub de exportação. Quais são exatamente os planos?
Nós já exportamos o Kicks para Argentina e Paraguai, mas queremos incrementar o negócio e estamos buscando alternativas. Ainda não posso revelar quais. Com relação às peças, atualmente as exportamos para o México. Mas também nesse caso acreditamos haver espaço para novos mercados. Os Estados Unidos, por exemplo, poderiam comprar componentes nossos. Estamos avaliando novos mercados.
Como estão as operações locais? Tem havido paradas por causa dos semicondutores?
O problema ainda existe, mas temos conseguido operar sem interrupções.
Qual a previsão de vendas para o mercado brasileiro este ano?
Considerando o ano fiscal de abril de 2022 a março de 2023, esperamos crescer cerca de 10% (conforme dados da Fenabrave, a Nissan vendeu quase 45 mil veículos no ano passado, com participação de 2,85%. No primeiro bimestre deste ano foram 4,3 mil emplacamentos, fatia de 3,6%).
Há expectativa de ganhos de participação no mercado brasileiro?
Sim, queremos passar de pouco menos de 3% para 4% em um ano. No Chile e no Peru, por exemplo, temos o dobro da participação brasileira e na Argentina detemos fatia de 3,5%. Com a renovação da nossa linha, acreditamos haver espaço para crescer no Brasil. Temos a nova Frontier, o novo Versa e agora o novo Sentra, produtos que chegam para fazer sucesso aqui. Além disso, estamos ampliando a nossa rede.
Quantos concessionários há hoje e como será o processo de expansão?
Em março de 2021, tínhamos 177 concessionárias no Brasil. Hojé são 193, ou seja, 16 a mais em apenas dois anos. É um processo importante para a marca e principalmente para o segmento de picapes. Por ser um instrumento de trabalho, esse produto requer um pós-venda próximo e por isso estamos reforçando nosso atendimento.
Os dirigentes anteriores da Nissan do Brasil diziam que o importante era ter uma operação saudável e não ganhar participação. O que mudou?
Se a operação for sustentável, como é hoje, podemos sim ampliar participação. Acreditamos que podemos chegar aos 4% em um ano focando em nossos funcionários, concessionários e parceiros.
O senhor assumiu a operação brasileira em janeiro. O quanto conhece do Brasil?
Semana passada comecei a visitar concessionárias para ver as operações mais de perto. Estive em Recife, por exemplo, que não conhecia. Estou realmente satisfeito com o comprometimento da rede e tenhos gostado bastante do que estou vendo. São parceiros engajados que fazem investimento em equipes e colocam a marca avante.
A família já veio ou vem para o Brasil? Onde está morando?
Tenho passado mais tempo em São Paulo, onde temos escritório, mas também fico no Rio de Janeiro, capital, e vou as vezes para a fábrica em Resende. Minha família continua na Argentina. Minha mulher trabalha e meus filhos já são grandes, têm a vida lá. Como são países vizinhos, está dando para administrar….
Por fim, o que dá para o senhor adiantar sobre o investimento na fábrica brasileira da ordem de R$ 1,1 bilhão anunciado há quase um ano? Já estão definidos novos produtos?
(risos) O aporte segue firme, mas não podemos falar por enquanto em novos produtos. Mas como dissemos em nossa apresentação, queremos ter em Resende um hub exportador. É esperar para ver. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)