O Globo
A indústria de transformação nordestina tem sentido os efeitos da queda da produção local diante da saída da montadora Ford do país. Desde que a montadora encerrou as fábricas em Camaçari, na Bahia, e no Horizonte, no Ceará, em janeiro de 2021, a atividade industrial no Nordeste patina e opera em patamar inferior ao pré-pandemia.
Estas observações foram obtidas a partir de dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), que resultou em uma análise da economia nordestina ao longo de duas décadas, entre 2002 e 2022.
O instituto irá lançar ainda neste primeiro semestre um Centro de Estudos para o Desenvolvimento, com sede em Fortaleza. O objetivo é auxiliar pesquisadores, formuladores de políticas públicas e analistas econômicos na compreensão dos desafios regionais e na promoção do desenvolvimento da região.
Queda na produção de veículos
Dados do IBGE apontam que a produção da indústria de transformação da região Nordeste recuou 6,5%, em 2021. E, segundo a pesquisa do FGV IBRE, a fabricação de veículos automotores retraiu 94,9% na Bahia em 2021, tendo forte impacto na queda de 14,3% do total da produção industrial de transformação baiana.
No Brasil, setor voltou ao nível pré-pandemia
A produção de veículos automotores no Nordeste patinou nos últimos dois anos (do primeiro trimestre de 2021 até o quarto trimestre de 2022), enquanto a produção a nível Brasil já recuperou o nível pré-pandemia.
“O fechamento da fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, no início de 2021, é a principal responsável por esse recuo na produção da indústria de transformação no Nordeste”, disseram Juliana Trece e Claudio Considera, membros da equipe técnica responsável pela pesquisa.
Segundo o FGV IBRE, enquanto a indústria de transformação brasileira chegou a contribuir com 0,5 ponto percentual para o crescimento do PIB nacional em 2021, a indústria de transformação nordestina retirou 0,4 ponto percentual do PIB da região no mesmo ano.
“Estima-se que a representatividade da indústria de transformação nordestina tenha se reduzido no Brasil de 10,5% em 2020 para 9,6% em 2021, o menor percentual desde 2014. Em 2022, a estimativa é que a participação da indústria de transformação nordestina tenha se mantido nesse patamar”, escreveram os economistas no estudo. (O Globo/Carolina Nalin)