AutoIndústria
As discussões sobre o futuro da eletrificação no Brasil, marcadas principalmente pela defesa do etanol no contexto da descarbonização por parte das principais entidades do setor automotivo, devem ter seu ápice em menos de quatro meses. É que a Anfavea espera para junho as definições sobre a segunda fase do Rota 2030, que norteará os investimentos dos próximos anos das montadoras instaladas no País.
Ao divulgar o balanço do setor em fevereiro, o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite comentou sobre encontro com o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, do MDIC (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços da Indústria, Comércio e Serviços), que debateu a reindustrialização do Brasil e também os rumos do setor automobilístico local.
O executivo voltou a falar da importância do etanol para o País e deixou claro que os rumos da eletrificação, seja em prol do híbrido ou dos veículos 100% elétricos, serão definidos até junho no âmbito da segunda etapa do Rota 2030: “Essa nova etapa será baseada em Pesquisa & Desenvolvimento e definirá os caminhos a serem trilhados pelo Brasil com relação aos investimentos em novas tecnologias. Já está previsto, inclusive, novo encontro com o ministro do MDIC”.
O presidente da Anfavea deixou claro que a entidade, assim com outras associações do setor, é a favor do híbrido com etanol, o que não exclui a produção combinada no Brasil com modelos 100% elétricos: “Não queremos incentivos para os híbridos, mas eles são parte fundamental nos debates dobre a segunda fase do Rota 2030. A tecnologia flex, que este mês completa 20 anos de história com mais de 40 milhões de veículos vendidos, é parte dos estudos em andamento pela sua importância na realidade do País”.
Questionado sobre decisão da Argentina de ter 50% de carros 100% elétricos até 2030 e 100% até 2035, ele destacou que, justamente “por ter o etanol”, o Brasil terá transição diferente do país vizinho.
Com relação ao Imposto de Importação zero para os elétricos, Leite voltou a comentar que a Anfavea não é contra esse incentivo no momento, mas julga importante haver regras de transição que garantam previsibilidade para a indústria brasileira e, em consequência, os investimentos na produção local.
“As montadoras associadas à Anfavea representam 85% da produção mundial de veículos”, lembrou Leite, ao explicar que grande parte das importações com alíquota zero é feita pelas empresas aqui instaladas. O receio do setor é que ao ser mantido esse benefício por tempo indeterminado, a opção será exclusivamente pela importação dos elétricos e não por investimentos locais seja nesse tipo de produto ou nos híbridos, também decisivos para a descarbonização. (AutoIndústria/Alzira Rodrigues)