Falta de semicondutores no mercado global paralisa produção de montadora de veículos no Brasil

Portal G1/Jornal Nacional

 

A escassez de um equipamento fundamental para a indústria automobilística mundial está dando dor de cabeça para as empresas.

 

Milhares de funcionários de uma montadora vão emendar o carnaval fora das fábricas. A produção em três das quatro unidades no Brasil vai ser suspensa por dez dias de férias coletivas.

 

É a primeira paralisação do ano. Em 2022, montadoras pararam 36 vezes e deixaram de produzir 250 mil veículos. Este ano, a associação de fabricantes estimativa que serão fabricadas 125 mil unidades a menos.

 

O que está por trás é a falta de semicondutores no mercado global. Uma crise que se arrasta há quase três anos e coloca a demanda por essas peças em dimensão desproporcional ao tamanho de algo tão pequeno e essencial.

 

O Brasil é o oitavo maior produtor de veículos do mundo. De automóveis cada vez mais dependentes de tecnologia. A gente não vê, mas essas peças estão por toda parte. No câmbio, no painel, no sistema multimídia, no retrovisor, no sistema de freio e até no motor. Tem carro que precisa de mais de 3 mil semicondutores para funcionar.

 

“O automóvel hoje, o que é que ele é, caminhões, máquinas eles são grandes aplicativos, eles passaram a ter um nível de conectividade não apenas de conectividade com o mundo externo, mas pra dentro também do automóvel de uma coisa realmente em um patamar tecnológico muito além do que a gente vinha trabalhando há alguns anos”, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) Márcio de Lima Leite.

 

Outros setores também sentem o impacto: 62% das empresas que usam esses componentes relataram à associação da indústria elétrica e eletrônica dificuldades para comprar semicondutores.

 

O abalo nas cadeias produtivas mundiais tem origem na pandemia, que causou o fechamento de fábricas na China, um dos poucos países que produzem a peça.

 

Economistas explicam que a redução das medidas restritivas na Ásia deve aliviar a situação, mas assim como Estados Unidos e Alemanha, o Brasil precisa agir para depender menos das oscilações globais.

 

Este mês, o governo federal anunciou a criação de um grupo de trabalho para estudar a reversão do processo de fechamento e privatização da CEITEC, uma estatal federal criada em 2008 para ser uma grande fabricante de chips.

 

“O que vai diferenciar os países no futuro vai ser a capacidade deles de produzir determinados produtos com essa eletrônica embarcada ou não. Então é essencial que a gente tenha essa preocupação e tenha uma política pública junto com o setor privado, para desenvolver esse setor”, diz o professor de economia da FGV-SP, Nelson Marconi. (Portal G1/Jornal Nacional)