O Estado de S. Paulo
A economia brasileira encerrou 2022 em ritmo de desaceleração e a tendência se mantém para os próximos meses, como consequência da taxa de juros, segundo economistas. O Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) aponta que a atividade econômica no País recuou 1,46% no último trimestre do ano, na comparação com os três meses anteriores. Apesar disso, o IBC-Br subiu 0,3% em dezembro. Economistas, porém, afirmam que alta foi pontual. As vendas no varejo caíram 2,6% em dezembro, na segunda queda consecutiva, enquanto a produção industrial teve variação nula e o volume de serviços cresceu 3,1%, de acordo com dados do IBGE. No ano fechado de 2022, o resultado foi alta do PIB de 2,6%.
Sob o efeito do aumento da taxa de juros, a economia brasileira terminou 2022 sem fôlego – em ritmo semelhante ao esperado pelos economistas para os próximos meses. Conforme o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), a economia recuou 1,46% no último trimestre do ano, na comparação com os três meses anteriores.
Apesar do recuo nos últimos três meses do ano passado, o IBC-Br subiu 0,3% em dezembro. Os economistas, porém, afirmam que a alta foi pontual, e a tendência é mesmo de desaceleração – o índice, visto como uma “prévia” do PIB oficial, já havia recuado nos quatro meses anteriores a dezembro. No ano fechado de 2022, o resultado foi uma alta de 2,6%.
“Preferimos fazer uma avaliação de tendência de curto prazo, em vez de ver um dado pontual como o de dezembro. E houve uma desaceleração considerável na virada do primeiro para o segundo semestre do ano passado”, diz Rodolfo Margato, da XP. O economista destaca que a alta do último mês de 2022 também não compensa as quedas dos meses anteriores.
O economista Gabriel Couto, do Santander, afirma que a desaceleração está relacionada ao início dos efeitos da política monetária mais contracionista. “O varejo está fraco. A indústria, andando de lado. Só o serviço está melhor”, acrescenta. As vendas no comércio varejista caíram 2,6% em dezembro, na segunda queda consecutiva, enquanto a produção industrial teve variação nula e o volume de serviços cresceu 3,1%, de acordo com dados do IBGE.
A taxa de juros em nível elevado deve continuar travando o crescimento econômico. O Santander, por exemplo, estima uma alta de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. Na análise de Couto, o crescimento fraco deve ser impulsionado sobretudo pelo agronegócio, que, estima, avançará 7,5% no ano. O restante da economia, mais dependente da taxa de juros, deve sofrer.
A XP projeta expansão de 1% para a atividade brasileira, mas há um viés de alta, segundo Margato. “Talvez, o PIB se situe entre 1% e 1,5%.” Esse crescimento extra pode vir de um resultado melhor do que o esperado na safra agrícola e de um avanço das exportações (sobretudo com a China colocando fim à política de covid zero).
Após a divulgação do IBC-Br, o Bank of America (BofA) publicou relatório reiterando sua estimativa de 0,9% para o PIB deste ano. “Embora a leitura tenha sido melhor que o esperado, o segundo semestre de 2022 ainda aponta desaceleração na comparação com o primeiro semestre, reforçando nossa visão de que esses números vão impactar 2023, com uma trajetória mais branda do que a do ano passado”, escreveu o chefe de economia para Brasil e estratégia para América Latina do banco, David Beker. O economista destacou que os efeitos do aperto monetário já podem ser percebidos na queda de concessão de crédito pelos bancos.
Economia de lado Setores como varejo e indústria sentem efeitos das altas taxas de juros para combater a inflação. (O Estado de S. Paulo/Luciana Dyniewicz e Cícero Cotrim)