Governo planeja retomar fábrica de semicondutores

O Estado de S. Paulo

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou um grupo interministerial para reverter o fechamento do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), estatal que era a única produtora de chips e semicondutores na América Latina e teve sua extinção determinada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Com sede em Porto Alegre, o Ceitec foi criado em 2008, ainda no segundo mandato de Lula. A ideia era ter uma grande fabricante nacional de chips e semicondutores. A empresa sempre foi dependente do Tesouro Nacional, para bancar despesas e salários.

 

O processo de liquidação ainda está em curso, mas travado por decisões do Tribunal de Contas da União (TCU). O decreto de Lula com a criação do grupo foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) de ontem.

 

Além do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que o coordenará, o grupo terá representantes da Advocacia Geral da União, da Casa Civil e dos ministérios da Fazenda, da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

 

A equipe deverá apresentar um relatório com alternativas para reversão do processo de desestatização e liquidação do Ceitec e a proposta de participação da empresa no fomento da política de pesquisa e desenvolvimento de semicondutores. A duração dos trabalhos será de 120 dias, que poderá ser prorrogada.

 

O governo passado alegou que a estatal não dava lucro e era ineficiente, o que a tornou alvo da gestão de Jair Bolsonaro. Em 2021, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) recomendou a extinção da empresa. Porém, no ano passado o governo chegou a anunciar que iria tentar atrair empresas que pudessem assumir a função do Ceitec no País. Na época, o então ministro das Comunicações, Fábio Faria, admitiu que o País não poderia ficar à mercê das importações e ressaltou a importância de ter um parque industrial forte no ramo de semicondutores. (O Estado de S. Paulo/Luci Ribeiro)