O Estado de S. Paulo/Mobilidade
“Pensar em meios mais sustentáveis para a condução da mobilidade é um dos grandes desafios do século, e a eletromobilidade ganha notoriedade e, gradativamente, conquista o setor automotivo, seja para carros particulares, seja para caminhões, seja para ônibus. Os veículos movidos por combustíveis não renováveis também passam por reformulações para se tornarem mais sustentáveis, com o uso de materiais recicláveis e melhorias contínuas no desempenho, com o objetivo de reduzir o gasto e, consequentemente, a emissão de poluentes.
Não importa a variação dentro do ecossistema modal; o que chama atenção é como as empresas e os clientes aderem ao status de urgência para alternativas à degradação proporcionada pela emissão de gases poluentes.
Em novembro de 2022, foi realizada a 27a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, no Egito, e as iniciativas para aceleração da descarbonização estiveram entre as pautas favoráveis ao meio ambiente. Inclusive, o crescimento de combustíveis sustentáveis para atender às necessidades mundiais foi um dos pontos abordados recentemente pela ONU, no relatório Summary for Policymakers of the IPCC Working Group III, Climate Chance 2022: Mitigation of Climate Change, apresentado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
Estímulo para a transformação
Esses alertas lançados sobre os impactos provocados pelas emissões de poluentes, principalmente em encontros mundiais de liderança, se tornam estímulos para que o controle dos gases poluentes no meio ambiente seja uma realidade próxima. Na indústria automotiva, as iniciativas servem de incentivo para reforçar a preocupação com o tema, transformando a eletromobilidade e o investimento em materiais mais sustentáveis em senso comum.
Diante desse cenário, encontrar soluções de infraestrutura para atender a requisitos básicos para manter os veículos elétricos em circulação é uma realidade e abre caminho para pensarmos além. Com o avanço de estratégias para a descarbonização no ambiente automotivo, diversas iniciativas focadas na sustentabilidade também são testadas, como o hidrogênio e a energia solar.
Devemos destacar ainda os veículos movidos a célula de hidrogênio, um combustível que começa a despontar na Europa com alguns modelos de carros que já podem ser comprados com a tecnologia. Na Austrália, ônibus chegarão ao mercado no início de 2023, feitos pela Volgren, empresa do Grupo Marcopolo, em parceria com uma fabricante irlandesa especializada em tecnologia com hidrogênio, atuante na Europa e no Reino Unido. Em setembro de 2022, a multinacional brasileira também apresentou, durante um evento na Alemanha, o modelo Audace, direcionado para linhas rodoviárias de curta distância, além de serviços seletivos e fretamento. O veículo é movido a hidrogênio e tem peso bruto total (PBT) de 19 toneladas, capacidade para transporte de até 53 passageiros e autonomia de até 600 quilômetros.
Os veículos automotores oriundos de energia solar também estão presentes no cardápio de opções de combustíveis sustentáveis. Alguns carros já foram apresentados até no Brasil, e a tendência é que em um processo evolutivo, após os elétricos e a hidrogênio, a energia solar será um dos próximos combustíveis que conduzirão os carros a médio e longo prazos.
Enquanto essas tendências ainda estão em fase de testes, a eletrificação veicular caminha, gradativamente, em direção à descarbonização, contribuindo para que o setor automotivo não esteja mais entre os responsáveis pelas emissões de poluentes no planeta”. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade/James Bellini, CEO da Marcopolo)