O Estado de S. Paulo
Alternativa ao transporte aéreo – cujas passagens subiram 23,5% em média no País no ano passado –, o rodoviário também registrou alta nos preços em 2022. Ainda que, na média brasileira, o aumento no preço das tarifas de ônibus seja mais modesto do que o do avião, o avanço foi mais do que o dobro da inflação. Enquanto as passagens rodoviárias para viagens interestaduais subiram 13,8%, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 5,79%.
Em algumas cidades, a alta do transporte rodoviário foi até mais pesada do que a do aéreo. É o caso de Belém, Fortaleza, Salvador e São Luís. A maior diferença foi registrada na capital do Pará, onde a média da passagem rodoviária subiu 30,9%, e a aérea, 3%.
O principal fator que explica o aumento do transporte rodoviário é o preço do diesel, que representava cerca de 30% dos custos do setor. No ano passado, o litro subiu 22,87% no País, segundo o IBGE.
A Expresso Itamarati – que opera em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Goiás e Minas Gerais – se abastece em 40 pontos do País e percebeu um aumento médio de 53% no diesel no ano passado. No início de 2022, a empresa pagava R$ 4,01 no litro do combustível; em dezembro, era R$ 6,12. Com essa elevação, o peso do diesel no custo das empresas passou de 31% para 38%.
Custo
“Nas linhas longas da empresa, o diesel já ultrapassou a mão de obra e virou o principal custo”, diz Gentil Zanovello Afonso, diretor-superintendente da Itamarati. Segundo ele, a alta do diesel ocorreu porque, com dificuldade de acesso ao gás natural devido à guerra na Ucrânia, a Europa passou a usar o diesel para acionar suas termoelétricas, elevando a demanda pelo combustível. Como o Brasil importa 30% do diesel que consome, o impacto foi direto.
Com operação em São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Alagoas, Sergipe e Pernambuco, a Viação Águia Branca viu o peso do combustível passar de 25% de seus custos para 40%. O rea
Demanda
Alta do diesel ocorre por causa da guerra da Ucrânia que dificultou acesso ao gás natural na Europa
juste que chegou ao consumidor, no entanto, variou de 10% a 15%, segundo o diretor comercial da empresa, Thiago Chieppe Juffo.
“É impossível fazer um repasse integral para o consumidor. A gente está em um momento desafiador na economia, e há outras alternativas de viagem que o consumidor avalia. Se você faz um repasse total, perde o cliente”, diz o executivo. Diante desse cenário, a Águia Branca reduziu seus custos operacionais em 26%, desde o começo da pandemia, para conseguir fechar as contas. (O Estado de S. Paulo/Luciana Dyniewicz)