Grupo de trabalho da AEA inicia estudos de viabilidade do HVO para o País

Mecânica Online

 

A AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, alinhada às inovações no mundo para o desenvolvimento de combustíveis avançados para a área automotiva, preocupada com a descarbonização nos transportes e os interesses da sociedade, acaba de instituir o Grupo de Trabalho de HVO (Hydrotreated Vegetable Oil).

 

O grupo de trabalho irá debater temas ligados ao diesel renovável oriundo de óleo vegetal hidrotratado, visando viabilizar e expandir sua produção no Brasil e o aprimoramento na matriz energética brasileira.

 

O GT será coordenado por Nilton Shiraiwa, da Mercedes-Benz, e tem como vice-coordenadora a Ana Mandelli, do IBP. De acordo com Shiraiwa, esta comissão é um importante canal para o diálogo do setor com os demais parceiros envolvidos no tema HVO para contribuir com o desenvolvimento da produção, distribuição e uso de misturas, assim como garantir o bom funcionamento nos veículos e máquinas equipados com motor diesel.

 

O HVO é um óleo vegetal hidrotratado, conhecido como diesel verde ou diesel renovável que, diferentemente do biodiesel, não possui oxigênio em sua molécula. É um hidrocarboneto puro, sendo assim muito mais estável. Pode ser usado puro, misturado ao biodiesel, misturado ao diesel mineral ou em uma mistura ternária diesel mineral-HVO-biodiesel. O HVO é excelente para ser utilizado em veículos da atualidade e futuros, sem a necessidade de adaptação nos motores.

 

A produção de HVO pode ser realizada a partir de várias matérias primas sem concorrer com a produção de alimentos. Pode ser produzido a partir de óleos vegetais, como óleo de soja, óleo de girassol, óleo de palma, além de óleo de fritura e gordura animal.

 

A introdução do HVO aumentará a participação de fontes limpas e renováveis em nossa matriz energética, colocando o Brasil em uma posição ainda mais privilegiada no cenário internacional. Em médio prazo, se forem realizados os testes necessários para aperfeiçoamento da matriz, o HVO pode se tornar uma importante fonte de divisas para o País, somando-se ao álcool e ao biodiesel como fonte de energia renovável que pode e deve ser oferecida à comunidade mundial.

 

Diferença do HVO para o biodiesel

 

O HVO e o biodiesel são combustíveis para o ciclo diesel derivados de biomassa renovável e produzidos a partir dos mesmos tipos de matéria prima. Enquanto o HVO é uma mistura de hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio), o biodiesel é uma mistura de ésteres (carbono, hidrogênio e oxigênio).

 

O HVO é produzido pelo processo químico de hidrotratamento (HDT), por meio do qual a matéria prima reage com hidrogênio em condições controladas de temperatura e pressão, para produzir um combustível semelhante ao diesel mineral. Pode também ser produzido por coprocessamento nas refinarias de petróleo juntamente com a hidrogenação do óleo diesel mineral.

 

O biodiesel é produzido por transesterificação por meio da qual a matéria prima reage com o metanol (álcool), para produzir um combustível bem distinto do diesel mineral, conhecido internacionalmente como FAME (Fatty Acid Methyl Ester).

 

O objetivo do GT é estudar a viabilidade técnica do HVO no Brasil, abordando questões relacionadas à tecnologia de produção, armazenagem, manuseio, matérias primas, especificação, além de tratar dos assuntos relativos à viabilidade econômica, logística e tributos.

 

Fabricantes de veículos e motores, além de fornecedores de componentes para a indústria automotiva irão se juntar a produtores e distribuidores de combustíveis no Brasil, produtores de óleos vegetais, potenciais produtores de HVO, órgãos reguladores, universidades e institutos de pesquisa à semelhança do que foi realizado desde 2005 quando a AEA criou uma comissão técnica de biodiesel. (Mecânica Online)