Envelhecimento da frota é tema da última coletiva da Anfavea do ano de 2022

Balcão Automotivo

 

Na última coletiva do ano da Anfavea, realizada na quarta-feira, 07/12, foram apresentados os números de produção, vendas e exportação no acumulado do ano até novembro. A estimativa da entidade de chegar a 2.140.000 de unidades vendidas até dezembro foi mantida. Esse número pode ser um pouco maior ou menor. Fazendo um comparativo entre os anos de 2019 e 2022, o presidente da Anfavea, Márcio Leite, mostrou o envelhecimento da frota. Ele comparou as vendas de novos e usados, e de usados por tempo de uso.

 

“Em 2019, antes da pandemia, nós tivemos um aumento importante de vendas de veículos novos. Em 2020 e 2021, houve um menor atendimento por parte das montadoras pela ausência de semicondutores, o que naturalmente criou um envelhecimento da frota, que começamos a recuperar agora em 2022”, afirmou. Neste ano até novembro na comparação com igual período de 2021, as vendas de veículos novos tiveram uma queda de 17% ou 35 mil unidades. No segmento de usados, a alta foi de 10% ou 110 mil unidades.

 

Por outro lado, no segmento de usados, no intervalo de 2019 a 2022, o cenário foi outro. “Em 2020 e 2021, este segmento teve um crescimento importantíssimo, e agora está em uma curva decrescente. Porém, em menor proporção para veículos com 9 a 12 anos de uso, e mais ainda para os usados acima de 12 anos, com vendas crescentes a partir deste ano, o que demonstra claramente uma tendência de envelhecimento da frota”, disse Leite.

 

Envelhecimento global da frota

 

Em menor proporção do que no Brasil, Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da Anfavea, disse que a redução do volume de produção e vendas de veículos novos também ocorreu em outros países, influenciados pela falta de semicondutores e componentes. “As vendas do mercado mundial era de 95 milhões de unidades/ano devendo cair para 82 milhões neste ano. A taxa de juros está aumentando em outros países, então, em outros países também está acontecendo o envelhecimento da frota, mas no Brasil a situação é um pouco mais grave porque a idade média é maior. São veículos que poluem mais e não ajudam na descarbonização”, afirmou.

 

Vendas à vista

 

Outro motivo que pode impactar no envelhecimento da frota é o percentual de vendas de veículos novos à vista que chegou a 69% do total neste ano. “Na nossa série histórica, pelo menos dos últimos 20 anos, não conseguimos identificar nenhum outro período em que o nosso setor apresentasse 70% de vendas à vista. O crédito é fundamental para que o consumidor consiga trocar o seu veículo e a renovação é estratégica para a descarbonização. Não podemos ter uma frota envelhecida pela distância do consumidor em acessar o seu veículo novo”, defendeu Leite.

 

Produção

 

No acumulado do ano até novembro, o setor registrou uma produção de 2.178.000 de unidades de autoveículos. “O mercado poderia estar próximo a 3.000.000 de unidades, se não fosse a falta de semicondutores. Tínhamos tudo para surfar em um cenário muito melhor, no ano passado, perdemos cerca de 350.000 unidades produzidas”, disse Leite.

 

No segmento de pesados (caminhões e ônibus), Moraes contou que apesar de hoje não existirem paradas longas na indústria, o desafio é diário para planejar a produção da próxima semana e da próxima quinzena, pois continua alta a instabilidade da cadeia de produção. “No acumulado do ano (até novembro), foram 147 mil unidades produzidas. Até novembro, já superamos o nosso planejamento e dezembro ainda deve ter um número importante, mesmo com férias coletivas e desafios na produção pela falta de componentes”.

 

Fornecimento

 

Nas palavras do presidente da Anfavea, a falta de semicondutores pode se estender até 2024. “Este é um grande desafio para a nossa indústria. A situação está um pouco melhor, mas continuará sendo um limitador para a nossa produção no final deste ano e no primeiro semestre de 2023. Provavelmente, se estendendo um pouco mais até o início de 2024. Mas a ideia é que mês a mês esta situação fique mais sob controle”.

 

Ele também lembrou que à medida em que aumenta a produção de semicondutores no mundo, a indústria também demanda mais. “Um veículo conectado demanda mais semicondutores do que o mesmo veículo de dois anos atrás. Esse é um tema que a Anfavea trará para as próximas coletivas, apresentando o que a conectividade tem representado para o nosso setor, os desafios e as oportunidades”, antecipou.

 

Emplacamentos

 

No acumulado do ano até novembro, foram 1.888.000 de autoveículos emplacados, uma queda de 1,3% em relação ao mesmo período de 2021. Por outro lado, em novembro o crescimento foi de 13% em relação ao mês anterior, sendo que automóveis e comerciais leves apresentaram um crescimento de 16%. Em novembro, 34% das vendas foram para locadoras, 46% no varejo e 20% para outros. A título de comparação, em janeiro deste ano, o varejo representava 60% das vendas e as locadoras, 17%.

 

Leite comemorou a média diária de vendas. “Em novembro, a média de emplacamentos diários foi de 10,2, a melhor desde dezembro de 2020. Esta média é um dos termômetros mais importantes para o nosso setor, ela dá a temperatura do que aconteceu no mercado”.

 

E, segundo ele, falta pouco para bater a meta de vendas deste ano, de 2.140.000 de unidades. “Faltam 252.000 unidades. Para mostrar se o número é factível, em dezembro de 2019 foram vendidas 260 mil unidades e 244 mil no mesmo mês em 2021. Esse número de 252.000 pode ser um pouco maior ou menor, tudo dependerá como chegaremos até o final do ano”.

 

Emplacamentos por tecnologia

 

Também até o mês de novembro foram emplacados 43.700 mil veículos elétricos e híbridos, ante 30.400 em 2021. Do total deste ano, apenas 7.500 são plug-in. No balanço geral, comentou Leite, “é um número importante, que demonstra o crescimento deste segmento no Brasil. A tendência no futuro é começarmos a ter um volume maior do híbrido e também com a tecnologia plug-in”.

 

Ainda de acordo com ele, “é uma tecnologia fundamental quando analisamos o processo de descarbonização, o compromisso da indústria para acelerar a descarbonização. Todas essas tecnologias são muito bem-vindas”. Ele também comentou que no final de 2021, havia no Brasil 163 modelos e versões de veículos eletrificados, número que está hoje em 255. “Isto é um número muito importante dentro deste cenário”, destacou.

 

Moraes acrescentou, falando sobre nacionalização. “O setor já está procurando trazer a nacionalização de baterias e componentes. Não só na montadora, mas já tem um efeito inicial na cadeia de fornecedores. É um programa que a indústria puxa e tem um efeito positivo para toda a cadeia de fornecedores”.

 

Exportações em alta

 

Até novembro, o setor registrou um crescimento de 34,3% no volume de exportações, com 450.000 unidades, na comparação com o mesmo período de 2021. Segundo Leite, a Argentina continua sendo o principal mercado brasileiro, mas em função das restrições lá impostas, ela vem perdendo importância. “As vendas para a Argentina se mantêm estáveis, ela continuará sendo importante para o mercado brasileiro, mas em termos comparativos, ela começa a perder a sua relevância para outros países”.

 

Para ilustrar este cenário, no ano passado, a Argentina representava 36% das exportações, percentual que caiu para 29% neste ano. O México passou de 16% para 18%, a Colômbia, de 14% para 16%, e o Chile, que antes tinha uma participação de 10%, subiu para 12%. “Neste ano, 20% da nossa produção foi destinada para a exportação, o que é um número importante e merece um destaque”, afirmou Moraes. (Balcão Automotivo/Karin Fuchs)