AutoIndústria
A Stellantis completará dois anos somente em 19 de janeiro. Mas a quarta maior montadora global, formada pela junção da PSA com a FCA, já tem ótimos resultados a comemorar no Brasil após esse curto período. O principal deles é a liderança disparada pelo segundo ano consecutivo que já está concretizada em 2022.
Os defensores da tal relação ganha-ganha, com certeza, incluirão em seus discursos esse início de trajetória da Stellantis aqui. De fato, o avanço nas vendas decorrente de estratégias comerciais compartilhadas, além dos novos produtos, tem sido muito além do esperado.
Se em 2020, antes da fusão, as cinco marcas do grupo – Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM – detiveram, juntas, 23,5% dos licenciamentos de automóveis e comerciais leves, de janeiro a novembro de 2022 a soma bate em 33,2%, nada menos do que 10 pontos porcentuais a mais.
Isso considerando que a Jeep viu suas vendas encolherem cerca 9% após os nove primeiros meses de 2022. Ainda assim, a marca é a sexta mais negociada do País, com 7% dos licenciamentos. Na ponta está novamente a Fiat, com 22,1%, enquanto Peugeot e Citroën têm 2,2% e 1,6%, respectivamente, segundo a Fenabrave.
Marca de nicho, a RAM já vendeu mais de 4 mil unidades este ano, 50% a mais do que em 2021. Esse índice, entretanto, foi repetido pela Peugeot e a Citroën também deu um salto de 37% nos emplacamentos. São desempenhos muito acima da média do mercado, que recuou 1.4% no ano.
Com participações marginais ao longo da década passada, Peugeot e Citroën, em particular, têm até mais o que comemorar do que a própria Fiat, que, apesar de perder 1,8% do volume negociado no acumulado de 2022, está repetindo não só a liderança do mercado como o índice de 2021, mesmo com avanço da concorrência.
As duas marcas francesas, originárias da PSA, mais do que dobraram suas fatias nesses quase dois anos de Stellantis. Em 2020, cada uma detinha somente 0,7% dos licenciamentos.
Este ano o porcentual da Citroën já é de 1,6% e o da Peugeot superou 2,2%, índice que já a coloca como a 10ª marca mais vendida e já muito próxima da Nissan, 9ª colocada, com 2,8% dos emplacamentos.
Ao vender 39,2 mil unidades, a Peugeot obteve seu melhor resultado desde 2014, quando atingiu 39,6 mil veículos negociados. No mês passado, em particular, chegaram às ruas 4,6 mil unidades, equivalentes a 2,4% de participação de mercado, fatia que não atingia desde 2011.
Ainda que significativa, a evolução Citroën foi menor do que a da Peugeot talvez por um motivo em particular: o novo C3, seu novo carro de entrada – e de maior potencial de vendas – chegou às revendas somente em setembro, após meses de atraso. De lá para cá, acumula mais de 7,5 mil licenciamentos, sendo quase a metade, 3,1 mil, no mês passado.
Seis meses depois da criação da Stellantis, Antonio Filosa, CEO da empresa na América do Sul, revelou que sua ambição era que Peugeot e Citroën, juntas, voltassem a representar cerca de 5% das vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil, índice que já obtiveram uma década atrás.
Somente um ano e meio depois a dupla já transita na faixa de 3,6%, apesar dos problemas no cronograma de lançamentos de produtos, versões e tecnologias gerados pela falta de componentes e o desarranjo logístico global. Ou seja, tudo poderia estar ainda melhor. E Filosa, é bom recordar, falou em 5% após dois anos. (AutoIndústria/George Guimarães)