Estradão
A virada de tecnologia do Conama, do P7 (Euro 5) para P8 (Euro 6) ocorre no mesmo ano da Fenatran. Portanto, a expectativa é grande por parte de quem atua no setor de transporte rodoviário. Sobretudo porque o evento, que ocorreria em 2021 no formato presencial foi cancelado por causa da pandemia. Assim, os transportadores, que costumam aguardar a feira para fazer negócios, estão ansiosos.
Agora, além dos novos caminhões há também tecnologias mais avançadas. E tudo isso significa alta de custos. Porém, os empresários pretendem obter descontos na feira. É o caso da diretora-administrativa de novos negócios da Zorzin Logística, Gislaine Zorzin. De acordo com ela, a empresa pretende adquirir pelo menos 45 caminhões leves. Trata-se de uma ampliação da frota para atender um novo cliente.
Entretanto, parte da renovação já foi realizada com Euro 5. A empresa antecipou as compras e encomendou algumas unidades do Accelo, da Mercedes-Benz. Porém, na Fenatran e ideia é comprar caminhões com as novas tecnologias que atendem o Proconve P8.
“Eu quero comprar Euro 6. Prefiro o caminhão mais novo em termos de tecnologias. Porém, espero conseguir um preço especial. Ou seja, um bom desconto. Porque especula-se que os preços dos caminhões vão aumentar em média 20%”, diz Zorzin.
Além disso, a frota da transportadora tem câmeras a bordo. Além de fazer o reconhecimento facial, os equipamentos filmam tudo o que ocorre durante o uso do caminhão. Contudo, na Fenatran a Zorzin quer buscar soluções ainda mais modernas. Como equipamentos com melhor resolução, bem como aparelhos que identificam o risco de fadiga do motorista, por exemplo.
Desenvolvimento de fornecedores
Mas a empresária diz que a Fenatran vai além da compra. É também uma oportunidade para desenvolver novos fornecedores e estreitar contatos com os atuais. Além disso, ela fará uma palestra a convite da Mercedes-Benz. O tema está ligado à participação das mulheres no setor de transporte. E faz parte do projeto A Voz Delas desenvolvido pela marca alemã.
Presidente da ABC Cargas, Danilo Guedes também vai à Fenatran buscar novas tecnologias. O empresário esteve no IAA, em setembro. Portanto, espera encontrar aqui algumas das soluções que ele viu durante o evento na Alemanha.
Nesse sentido, Guedes explica que costuma visitar a exposição internacional para conhecer novidades e tendências. Bem como saber se essas inovações cabem no mercado brasileiro.
Novas soluções
Foi assim, por exemplo, que o empresário desenvolveu um implemento mais baixo, juntamente com um fornecedor brasileiro, para evitar que os caminhões que a ABC transporta sofram danos ao passar sob pontes. “Tivemos de buscar essa solução porque os veículos estão ficando cada vez maiores. Com a carreta mais baixa, conseguimos evitar incidentes”, diz.
Ainda sobre segurança, Guedes conheceu no IAA uma startup francesa da área de tecnologia. Segundo ele, a empresa desenvolve sensores que identificam a altura da ponte por onde o caminhão passar com alguma antecedência.
“Estamos conversando com a startup para trazer essa tecnologia ao Brasil. Esse problema das pontes é enfrentado por muitos transportadores, porque as construções no Brasil são antigas. Enfim, acreditamos que em breve essa solução venha ao País”.
Assim, Guedes considera extremamente importante que pessoas ligadas ao setor participarem dessas exposições. “Várias startups especializadas estarão na Fenatran, focando a gestão de combustíveis, o monitoramento de transportadores e a telemetria”, diz.
Expectativas de compra
Além disso, Guedes diz que precisa renovar a frota. Por isso, na Fenatran, ele pretende comprar pelo menos seis caminhões. Porém, o executivo diz que a marca ainda não foi definida. De acordo com ele, o preço é um dos fatores que fará a diferença. Assim como o consumo de diesel.
Com a mesma expectativa está o diretor-executivo da Ghelere Transportes, Eduardo Ghelere. Como seus fornecedores trarão novidades, algumas estreando no Brasil, como o Iveco S-Way, o empresário quer conhecer tudo de perto. Ele afirma que pretende comprar novos caminhões. Porém, tudo vai depender dos preços. “Tenho um número na cabeça. Se encontrar um cavalo-mecânico abaixo de R$ 700 mil, eu fecho o pedido de algumas unidades”, diz.
Testar o Euro 6
A Ghelere Transportes tem caminhões de várias marcas. Segundo o executivo, a ideia agora é testar os Euro 6 para avaliar o consumo. Por ora, o empresário diz que não precisa renovar a frota. Nem agregar novos veículos. “Não adianta a marca dizer que o caminhão dela é mais econômico. Eu preciso conhecer esses veículos no dia a dia, com meu motorista. É depois de um tempo que a gente sabe mesmo o que o veículo entrega”, diz o diretor da Ghelere. (Estradão/Andrea Ramos)