AutoIndústria
Afastada do topo do ranking de marcas premium nos últimos anos pela BMW e com menos da metade das vendas da rival em 2022, a Mercedes-Benz quer mudar esta história a partir de 2023. A aposta para isso recairá acentuadamente sobre a eletrificação do portfólio de produtos. E rapidamente.
Depois de lançar os modelos EQC e o topo de gama EQS nos últimos dois anos, esta semana, numa só tacada, desembarcaram em 13 das 51 concessionárias da marca nada menos do que outros três modelos movidos exclusivamente a eletricidade: os utilitários esportivos EQA 250 e EQB 250, e o sedã EQE 300.
Com preços, respectivamente, de R$ 480,9 mil e R$ 502,9 mil, os dois primeiros terão, pode-se dizer, a missão de “popularizar” a linha elétrica da Mercedes. “Serão os responsáveis pela maioria das vendas de nossos elétricos” , assegura Evandro Bastos, diretor de produto.
O executivo, porém, não antecipa números nem mesmo a proporção dentro do mix de licenciamentos. Teoriza, porém, que podem conquistar, até mais do que os tradicionais consumidores de carros Mercedes-Benz, clientes da concorrência, mais jovens do que a média do perfil da marca e até de outros segmentos.
Não por acaso, ambos são dotados de pacote de acabamento AMG, que enfatiza esportividade por meio de para-choques e rodas maiores, e detalhes internos como volante de base chata, bancos e pedaleiras exclusivas.
O EQB, de quebra, inova por ser a primeira alternativa do segmento com sete lugares, o que amplia seu alcance para famílias maiores e não necessariamente apenas o tradicional público de SUVs compactos, que encontrarão no EQA uma resposta mais precisa para quem quer um perfil ainda mais esportivo.
De janeiro a setembro, a MB vendeu no Brasil pouco mais de 4,4 mil automóveis. A participação dos dois elétricos até então em oferta, EQC e EQS, naturalmente, foi diminuta, da ordem de 2% do total. Com os novos reforços, porém, Bastos entende que a fatia será “muito maior” a partir do ano que vem, embora não especifique quanto.
Lançado na Europa em meados deste ano, aqui o EQE deve cumprir, na prática, o papel de topo de gama da linha elétrica. Isso porque o EQS, de fato o modelo mais caro e que guarda um desenho de carroceria muito semelhante, custa mais do que o dobro: acima de R$ 1,35 milhão contra R$ 709,9 mil.
Por conta dessa diferença, naturalmente, o EQE tem potencial para atingir um universo de licenciamentos muito mais representativo, ainda que limitado a algumas poucas dezenas de unidades, não mais do que isso.
Bem mais caro do que os SUVs, o EQE, que tem 100% do aço da carroceria reciclado, busca se diferenciar também pela parte técnica, desempenho e mais recursos. O sedã tem tração traseira e um motor elétrico que desenvolve o equivalente a 245 cavalos. Sua velocidade máxima é limitada eletronicamente a 210 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h se dá, informa a MB, em 7,3 segundos.
EQA e EQB são equipados com um mesmo motor de 190 cavalos e têm tração dianteira. Aceleram de 0 a 100 km/h em, respectivamente, 8,6 e 8,9 segundos. A autonomia estimada pela fabricante é de 496 km e 474 km, na mesma ordem. E essa é outra vantagem técnica do EQE, que pode rodar até 645 km com uma carga de bateria, a maior autonomia da linha elétrica.
O sedã, a exemplo do que ocorre no EQS, conta com 10 anos de garantia das baterias ou 250 mil km rodados, bem superior ao oferecido para os SUVs, que têm 8 anos de garantia ou 160 mil km. Segundo Bastos, a diferença se deve ao fato de serem de fornecedores diferentes.
Carregar os novos elétricos demanda praticamente o mesmo tempo. Para passar de 10% para 80% da carga total, o proprietário de um EQE precisará de cerca de 30 minutos em um carregador rápido. No caso dos dois SUVs são necessários mais 2 minutos.
Os preços sugeridos de cada modelo contemplam um carregador. A marca ainda oferece pacote de energia grátis no primeiro ano da empresa Enel X e três anos de manutenção.
Acabamento refinado e duas telas digitais configuráveis de 10 polegadas cada para quadro de instrumentos e multimídia se destacam no interior, que tem 64 opções de cores para iluminação.
Mas, naturalmente, sistemas de auxílio à condução são as tecnologias embarcadas protagonistas nos três carros. A lista de série é longa: assistentes ativos de distância, de direção, de frenagem, de manutenção em faixa de ponto cego, assistente de tráfego cruzado e de desembarque.
O sedã tem ainda conjunto de câmeras 360 graus que auxiliam sobretudo em manobras, além de um conjunto de radares ainda mais sofisticado.
Mas… a conexão do celular com o multimidia dos SUVs é ainda física. Sim, depende de cabo. (AutoIndústria/George Guimarães)