Jornal do Carro
Depois de receberem um generoso bônus federal por cerca de uma década nos Estados Unidos, os carros elétricos se multiplicaram. E o presidente da Ford, Jim Farley, prevê uma iminente “guerra de preços” no mercado norte-americano. O CEO comentou que, com o aumento da frota de EVs, a produção se tornará mais barata com o passar do tempo. Dessa forma, os modelos podem chegar a custar US$ 25 mil – cerca de R$ 120 mil na conversão atual.
Essa faixa de preço, inclusive, já é realidade. Recentemente, a General Motors reposicionou a linha do Bolt EV, que ganhou uma boa redução e se tornou o veículo a baterias mais barato de lá, com preço inicial de US$ 26 mil. Durante a Conferência de Decisões Estratégicas de Bernstein, Farley ressaltou que o custo para construir um EV é muito maior que o de um modelo a combustão. No entanto, a redução de preços vai chegar com novas soluções de baterias, por exemplo. De acordo com o executivo, elas passarão a ter sistemas mais simples e utilizarão menos metais caros, como o níquel.
Para exemplificar, o CEO usou a base de cálculo do Mustang Mach-E, que parte de US$ 45 mil. Nesse modelo, o conjunto de baterias custa em média US$ 18 mil, o que dificulta a redução dos valores. Mas, com o novo planejamento, a Ford pretende reformular muitos processos, e fazer com que os modelos levem menos tempo de produção. “A reengenharia do veículo para minimizar o tamanho da bateria, já que é tão cara, vai ser um divisor de águas para esses produtos de segunda geração”, disse Farley.
Nova plataforma?
Para seguir com o plano de “simplificação radical”, como disse o CEO, a Ford está desenvolvendo uma nova plataforma para a próxima geração de veículos elétricos. Essa base exigirá baterias menores e será mais fáceis de fabricar.
“Metade das luminárias, metade das estações de trabalho, metade das soldas, 20% menos fixadores. Nós o projetamos porque é um produto tão simples, para mudar radicalmente a capacidade de fabricação”, afirmou. Além disso, o CEO da Ford disse que, futuramente, os carros tendem a ser vendidos de forma 100% online, com preços fixos.
Por fim, Jim Farley comentou sobre essa guerra de preços dos carros elétricos já estar acontecendo em outros lugares do mundo, como a China. Nesse sentido, o executivo afirmou que a redução de preços para a faixa dos US$ 25 mil não será fácil, mas tende a acontecer por ser um segmento que as montadoras estão de olho.
Estratégias
Segundo a ABC News, para dar início a essa nova fase industrial, a Ford já está reformando suas fábricas mais antigas para a produção de veículos elétricos. Bem como está construindo três novas fábricas de baterias e uma de montagem. Isso porque a montadora pretende se reestruturar em duas frentes. A primeira, chamada de Ford Blue, tem foco nos modelos a combustão. Já a segunda, Ford Model, focará nos carros elétricos. Contudo, até o momento não houve confirmação exata do próximo EV de US$ 25 mil da marca, apenas que o primeiro modelo elétrico de última geração da Ford estará pronto em 2026.
No mais, a Ford também pretende cortar custos de distribuição e publicidade, para facilitar o barateamento. Outro ponto de atenção é que a marca do oval azul está aumentando seus serviços de software, que incluem recursos autônomos e de assistência ao motorista. Na mesma conferência, Farley afirmou que há um veículo elétrico em desenvolvimento, que será projetado para os aplicativos de motorista, mas não deu os detalhes.
E o Brasil?
Em contrapartida, aqui no Brasil, essa guerra de preços está longe de acontecer. Isso porque o País ainda está no começo da eletrificação, mesmo com vendas recordes. Por ora, o modelo elétrico mais em conta é Caoa Chery iCar, que está em pré-venda por R$ 139.990. Acima dele vem o Renault Kwid E-Tech, com preço de R$ 146.990. Ou seja, todos ainda importados e fora da realidade do País. Esse barateamento só virá com a produção local de elétricos. (Jornal do Carro/Jady Peroni)