O Estado de S. Paulo/Mobilidade
É comum ver automóveis rodando por aí com um engate na traseira. Equipamento destinado a permitir o uso de reboques, ele acabou tendo sua finalidade desvirtuada por muita gente, que passou a usá-lo para “proteger” o carro de pequenas colisões traseiras (em manobras, por exemplo). O que muitos não sabem é que a instalação incorreta pode resultar em danos sérios ao veículo, além de render multa.
De acordo com Ricardo Dilser, assessor técnico do grupo Stellantis, a maioria dos automóveis vendidos no Brasil tem capacidade para rebocar pequenas carretas e até trailers, mas é preciso conferir alguns aspectos antes de instalar o acessório.
Primeiro, consulte o manual do proprietário sobre a capacidade máxima de reboque do veículo. Em seguida, adquira equipamentos originais da montadora ou homologados por ela. “Esses itens são desenvolvidos em parceria com os engenheiros das fabricantes dos veículos ou com a supervisão deles – e, por isso, permitem manter a integridade da carroceria e a garantia do carro”, explica.
“Infelizmente, vemos muita gente por aí que sai furando a carroceria sem qualquer critério técnico para instalar engates”, observa Dilser. “Com o passar do tempo, esses furos podem se transformar em pontos de surgimento de corrosão, sem falar no risco de o engate ser fixado em um ponto frágil da carroceria.” Nesse caso, toda a estrutura traseira pode ser comprometida.
“Proteção” que pode causar prejuízo
O assessor técnico afirma que muita gente costuma instalar um engate imaginando que vai “proteger” o carro de pequenos impactos – como em manobras de estacionamento –, mas, na prática, acaba expondo o veículo a danos ainda mais sérios, caso o acessório não tenha sido instalado de forma correta. “Um impacto, mesmo leve, no engate fixado incorretamente, e em um local indevido, pode provocar danos sérios ao veículo”, ressalta Dilser.
Tem mais: é preciso seguir a recomendação quanto à distância máxima que o engate pode ficar em relação à carroceria para evitar que pedestres se machuquem ao passar pelo carro estacionado na rua, por exemplo.
Além disso, o engate precisa ter, necessariamente, formato esférico, identificação do fabricante com selo do Inmetro e contar com uma tomada (assim como instalação elétrica adequada) para conectar a carreta (que deve ter sistema luminoso de sinalização próprio). A instalação de um engate com formato diferente ou que tenha apenas finalidade estética é proibida por lei, considerada infração grave passível de multa e apreensão do veículo, além de render 5 pontos no prontuário do condutor.
Sobre a parte elétrica, Ricardo Dilser lembra ainda que a instalação da tomada para a carreta (ou o trailer) deve ser feita por um profissional capacitado – preferencialmente em uma concessionária – a fim de não prejudicar os demais sistemas do veículo.
“Hoje, os automóveis possuem programas que checam o funcionamento das luzes; se o serviço não for feito corretamente, o proprietário corre o risco de se deparar com diversos alertas falsos de mau funcionamento das luzes”, diz. Além disso, um trabalho malfeito na parte elétrica pode resultar na perda da garantia do veículo e, em casos mais graves, em danos sérios a componentes do sistema elétrico.
Acesse este QR Code para assistir à entrevista com Ricardo Dilser, assessor técnico do grupo Stellantis. (O Estado de S. Paulo/Mobilidade)