O Estado de S. Paulo
No início do mês, uma forte sinalização para o setor de transportes mundial veio do Parlamento Europeu. Os legisladores do bloco aprovaram a proposta que proíbe a venda de carros novos movidos a motor a combustão a partir de 2035. Por mais que a costura desse acordo contra as mudanças climáticas ainda precise ser aprovada dentro de cada país da Comunidade Europeia, está claro que a solução ambiental representada pela chamada eletromobilidade veio para ficar.
“O Brasil, nessa questão, por exemplo, dos veículos elétricos, está ficando cada vez mais descolado do resto do mundo”, afirma Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Conforme atesta o Guia da Eletromobilidade, publicado em fevereiro pelo governo federal em parceria com o BID, dos 500 mil ônibus elétricos que rodam no mundo, 250 circulam no Brasil. O País, inclusive, está atrás da Colômbia e Chile, que criaram e implementaram políticas públicas para o setor.
“Da questão de saúde pública e em termos da redução de emissões de gases de efeito estufa que contribuem para as mudanças climáticas globais não existe discussão sobre a efetividade dos ônibus elétricos”, afirma Cristina Albuquerque, gerente de mobilidade urbana do WRI Brasil.
Um dos estudos de caso mais exemplares em todo mundo é o processo de eletrificação das frotas de ônibus e táxis ocorrido na cidade de Shenzhen, no sudoeste da China. Em 2017, a localidade tornou-se a primeira do mundo a eletrificar 100% dos seus 16 mil ônibus elétricos e 22 mil táxis. O projeto começou em 2009 e os testes de circulação dos veículos ocorreram, de fato, a partir de 2011.
De acordo com a especialista do WRI, enquanto o Brasil, hoje, tem algumas cidades que estão com projetos para avançar na eletrificação de suas frotas, ainda faltam políticas públicas nacionais sobre o tema, para organizar novos modelos de negócios e, também, atrair investidores privados para a operação das frotas.
Em setembro de 2019, a Prefeitura assinou os novos contratos e, em novembro, os primeiros 15 ônibus elétricos à bateria foram adquiridos pela empresa Transwolff, uma das operadoras contempladas na licitação. Hoje, de acordo com a SPTrans, estão operando na cidade de São Paulo 219 ônibus elétricos, dos quais 201 trólebus e 18 movidos a bateria. O Programa de Metas da Prefeitura prevê que 20% da frota seja de ônibus elétricos até 2024.
“A grande barreira ainda é financeira. Porque o custo dos ônibus elétricos em si é muito caros (a estimativa média é de um valor 2,5 vezes maior do que o veículo a diesel). Uma das saídas é separar a compra ou o aluguel dos veículos da operação”, explica Cristina. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Geraque)