O Estado de S. Paulo
Apesar das pressões do Planalto para que os preços dos combustíveis fiquem congelados, o conselho de administração da Petrobras se reuniu ontem, a pedido do governo, e definiu que a decisão sobre reajustes é de responsabilidade da diretoria executiva da empresa. Um aumento de preços pode ser anunciado hoje. O porcentual não foi informado. Nesta semana, o Congresso aprovou teto de 17% para cobrança de ICMS sobre combustíveis, com o objetivo de baixar os preços. A gasolina está há quase cem dias com valor congelado nas refinarias. O diesel teve o preço elevado pela última vez há 36 dias. A defasagem chegaria a 18% no diesel e a 14% na gasolina ante as cotações internacionais.
O conselho de administração da Petrobras fez uma reunião de emergência na tarde de ontem para tentar resolver o impasse em torno do preço dos combustíveis. O encontro pegou os dirigentes da estatal de surpresa, não apenas por ser feriado, mas porque o tema não é da competência do conselho. A reunião serviu para reafirmar que o reajuste dos combustíveis é de responsabilidade da diretoria executiva, que pode anunciar hoje um aumento nos preços. O valor da alta não foi informado aos conselheiros.
A gasolina está há quase cem dias com o preço congelado nas refinarias da Petrobras, enquanto o diesel teve o preço elevado pela última vez há 36 dias. Dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom) mostram que a defasagem chega a 18% no diesel e de 14% na gasolina frente às cotações internacionais.
Com os preços defasados em relação ao exterior, a Petrobras tem sofrido pressão do governo para manter a gasolina e o diesel congelados até as eleições, enquanto o mercado espera que a empresa prossiga com a sua política de preço de paridade de importação (PPI).
Convocada às pressas pelo presidente do conselho, Márcio Weber, e realizada de modo virtual, a reunião demorou pelo menos uma hora para conseguir quórum necessário para começar. O encontro, segundo apurou o Estadão/Broadcast, foi pedido pelos ministros de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Pressão
Nos últimos dias, o governo se reuniu duas vezes com a diretoria da Petrobras para tentar evitar o aumento. Segundo fontes, o governo teria pedido para a companhia segurar os preços até que as novas regras sobre ICMS surtam efeito para o consumidor. O reajuste poderia anular o benefício do corte do imposto aprovado pelo Congresso.
O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, está sendo pressionado a renunciar ao cargo para apressar a troca pelo indicado de Bolsonaro, o secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade. Com a renúncia, Paes não teria de esperar a realização de uma assembleia de acionistas, mas Coelho já afirmou que não vai renunciar.
A decisão do reajuste dos combustíveis é tomada pelo presidente da empresa, pelo diretor de Comercialização (Claudio Mastella), e pelo diretor Financeiro e de Relações com os Investidores (Rodrigo Araújo). Segundo fontes, os dois também serão demitidos após Paes de Andrade tomar posse. (O Estado de S. Paulo/Monica Ciarelli e Denise Luna)