O Estado de S. Paulo
Trabalhadores da Caoa Chery de Jacareí (SP) aprovaram ontem, em assembleia, proposta da empresa de demitir a maior parte deles com pagamento de indenização de nove a 15 salários (com teto de R$ 5 mil por salário), além dos valores legais do desligamento.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, o valor vai variar de acordo com o tempo de serviço de cada um.
As demissões oficiais devem ocorrer a partir de 1.º de julho envolvendo os 489 funcionários da produção, de um total de cerca de 600 na unidade, incluindo administrativos.
No dia 5 de maio, a empresa anunciou que vai fechar a fábrica até 2025, quando pretende retomar atividades com a produção apenas de carros híbridos e elétricos. Nesse período, vai preparar as instalações para as novas tecnologias.
O sindicato queria que a montadora colocasse os funcionários em um programa de lay-off (suspensão temporária de contratos) por cinco meses e desses mais três meses de garantia de emprego.
Sem chegar a um acordo com a entidade, a Caoa Chery chegou a demitir os funcionários por telegramas, mas o Ministério Público do Trabalho (MPT) atendeu a pedido de liminar da entidade sindical e suspendeu os cortes. As partes, então, voltaram a negociar.
Além dos salários extras, a empresa se comprometeu a estender o convênio médico, o plano odontológico e o vale-alimentação dos trabalhadores por um ano a partir das demissões. Também assinou compromisso de dar prioridade aos dispensados nas contratações após o processo de modernização da planta.
Dúvida
Nas negociações com o sindicato no MPT, os representantes da montadora reafirmaram que em 2025, ou até mesmo antes, a fábrica será reaberta.
Dirigentes do sindicato, contudo, temem que a Caoa Chery decida concentrar sua produção na fábrica de Anápolis (GO) – onde o grupo também produz modelos Hyundai e futuramente deverá fabricar veículos eletrificados –, e encerre definitivamente as operações no interior de São Paulo.
“Continuaremos organizados para que a fábrica volte a operar em Jacareí”, afirma o diretor do sindicato, Guirá Borba Guimarães.
Segundo ele, a empresa informou que os trabalhadores que não forem demitidos vão atuar nos setores de vendas, pós-venda, manutenção, qualidade e logística.
A empresa não comentou a decisão dos trabalhadores.
A fábrica produzia o utilitário-esportivo Tiggo 3x, que saiu de linha, e o sedã Arrizo 6, que passou a ser importado da China. Estava com a produção parada desde março, quando colocou os funcionários em licença remunerada.
Com capacidade para produzir 50 mil veículos por ano em um turno de trabalho, o grupo atingiu no máximo 14 mil unidades no ano passado.
A fábrica pertencia ao grupo chinês Chery que, em 2017, vendeu 50% das ações para o grupo Caoa, do brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade, falecido em agosto do 2021. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)